sábado, 26 de dezembro de 2009

La vie est un jeu !

Eu não queria voltar nem ficar. Então busquei e alcancei o meio-termo: pertencer aos dois mundos.
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Adoro os retornos. De vindas e idas.
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Minha família é imperfeita, assim como eu. Mas amo muito as nossas imperfeições. E é delas que também vou sentir saudades.
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Só vou realmente saber se devia voltar quando lá chegar.
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Uma ida muito diferente desta vez: com porto seguro e colete salva-vidas. O que eu fiz foi uma grande loucura que deu muito certo. Viva meus sonhos! Eles me divertem a beça ;)
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Este quase um mês aqui no meu ninho me fez a pessoa mais feliz do mundo. Espero levar esta felicidade comigo no próximo ano inteiro...
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Ahhh...se meus balagandãs falassem...
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Cheiros e sons. Olhares e gestos. A vida é tão generosa...
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O ciclo se fechou. Mais sete agora ;)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

charles fofo!

Charles não é o cara? Adoro esta música dele!!!
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Reste, reste encore
Avec moi,
Sur mon corps
Dans mes bras
Enlacée
Essoufflée à sourire
Étourdie.
Reste au chaud
À languir dans l'enclos
De la nuit sur mon coeur
Sans pudeur
Éperdue, presque nue
Restes-y
Sur ta peur, sur ta vie
Dans mes bras
Décoiffée, possédée,
Étendue, détendue
Reste là
Sans un mot
Sur ta joie
Sur ma faute en l'espoir
Dans le noir sur au jour,
Mon amour.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Cheeeetoooss!


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Enquanto em Zanzibar algumas pessoas abençoadas enfrentam um calor africano sem energia elétrica, eu enfrento alguna selvagens com energia tétrica. Nunca vi gente tão maleducada, rapaiz! Esta juventuda bentansa está perdida mesmo.
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Mas, falemos de coisas MUITO engraçadas!
Não é que o meu Berlusca querido, depois de ter passado toda a conferência do cambiamento climático desenhando calcinhas femininas foi atacado por um souvenir da Duomo?
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH.
Piada MUITO pronta essa.

sábado, 12 de dezembro de 2009

bah, Coen, até tu?

Esqueci de dizer que ela entrou no budismo depois do seu...quarto marido.

Vai lá e delicie-se, como eu:
www.estadao.com.br/noticias/suplementos,uma-budista-do-balacobaco,480590,0.htm

sai de mim, sua shura!

Bem, quem me conhece sabe que eu adoro uma "mundança". E quando li a reportagem da minha heroína Claudia Dias Batista de Souza, vulgo Monja Coen, aí foi mesmo que eu coloquei as manguitas prá fora e me puxei prá dentro. 'Cada erro está mais próximo do acerto, por isso, não devemos desistir de realizar algo melhor'. Tsc tsc tsc. Paulo Coelho vai copiar esta frase dela no próximo livro, ah se vai.
A Coen pode ser budista e então eu também. Se ela que tornou-se budista depois de deixar para trás uma vida turbulenta, que incluiu bebedeiras, aborto, tentativa de suicídio, viagens alucinógenas com LSD e uma prisão na Suécia, eu também posso, uai! Só não usei lsd porque aqui na minha aborrescência o top of the top era aspirina com coca cola e prisão mesmo foi aquela vez da bebidança da Mel, quando ela perdeu as sandálias na estrada e os guardas nos pararam porque estavamos na contramão. A champagne no console do carro meia-cheia-vazia e não termos a carteira de motorista não entra na estória...hahaha.
Mas não quero zoar dela não e nem relembrar saudosamente minha época de bad-good girl, na verdade eu estava aqui na casa dos meus pais (isso dará um outro post, lindinho por sinal) coçando a perereca entre uma comidinha especial de mãe e uma sacada inteligentíssima do meu pai (ele sai com cada uma!)quando, sem nada mais para fazer resolvi falar com minha nova amiga milanesa, Robie.
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A conheci na livraria esotérica lá em Milão, num sábado modorrento depois de ir com o Ale fazer as últimas compritas de Natal. Estava eu lá na prateleira dos tarocchis, buscando o tal tarot dos passarinhos que a dona dilina queria (e não achei, sugestão para o Boss Meneghello)quando ela veio puxando papo pedindo qual tarot deveria levar para casa. E logo para mim! Fiquei sem graça, porque tudo que eu sei é em português (hahaha) e traduzir meu conhecimento nesta área para ela, na língua nativa, seria digamos, envergonhante. Mas tasquei uma italianation e engatei a primeira. Conversamos um tempão, ficamos amigas assim, zás, e trocamos contatos. Semana seguinte, como ela também soube que eu era budista (pensante, não praticante)me enviou uns links do tal de budismo de Nitiren Daishonin.
Detalhe::: Este é budismo do mantra que eu estava correndo atrás que nem doida lá em Ravello. Uma conhecida era praticante, ficou de me repassar e esqueceu. Eu não lembrei mais de pedir porque não sabia mais como encontrar ela. Coisas do mundo.
Então, estava aqui na net agora e ela toda feliz me mandou um link em português, pois quer porque quer que eu conheça melhor e se eu voltar para Milão quer me levar lá na sangha dela e apresentar para os demais daishonistas. Ok, confesso que achei achei a abordagem deste budismo muito interessante, de verdade, mas não penso em o praticar, por razões muito minhas: ter vínculos e obrigações com uma corrente de pensamento só não sou eu. Gosto de explorar todas as formas de ter fé, gosto deste deus em mim e deste deus lá fora seja lá que é que isso pode ser.
Mas enfim, estas reflexões e o download do mantra (relaxante, sim)me deram a idéia de mudar o blog de novo.
Mudando todas as peles. Tirando todos os mofos.
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Isso eu achei legal:
1. Estado de Inferno (Jigoku): Essa é uma condição em que a pessoa, dominada pelo impulso da raiva, é levada a destruir e criar a ruína para si e para os outros. Resumindo, esse estado é representado pelo sofrimento e desespero extremos.
2. Estado de Fome (Gaki): Essa condição é dominada por desejos egoístas e ilimitados de riqueza, fama e prazer, os quais nunca são realmente satisfeitos.
3. Estado de Animalidade (Tikusho): Nesse estado, segue-se a força dos desejos e dos instintos, sem ter sabedoria para controlar a si próprio.
4. Estado de Ira (Shura): Estando consciente de seu próprio “eu” mas sendo egoísta, a pessoa não consegue compreender as coisas como são exatamente e menospreza e viola a dignidade dos outros.
5. Estado de Tranqüilidade (Nin): Esse é o estado em que se consegue controlar temporariamente os próprios desejos e impulsos fazendo uso da razão, levando uma vida pacífica em harmonia com o meio ambiente e com as outras pessoas.
6. Estado de Alegria (Ten): É uma condição de contentamento e alegria sentidos quando a pessoa se liberta do sofrimento ou satisfaz algum desejo.
7. Estado de Erudição (Shomon): De forma concreta, Shomon é o estado no qual a pessoa dedica-se a criar uma vida melhor pelo aprendizado das idéias, conhecimento e experiências dos predecessores e contemporâneos.
8. Estado de Absorção (Engaku): Em vez de tentar aprender das realizações dos predecessores, tenta-se aprender o caminho para a auto-reforma por meio da observação direta dos fenômenos.
9. Estado de Bodhisattva (Bosatsu): Estado de compaixão em que um indivíduo devota-se à felicidade dos outros mesmo que tenha de fazer sacrifícios.
10. Estado de Buda (Butsu): Essa condição é alcançada quando se obtém a sabedoria para compreender a realidade máxima da própria vida, a infinita compaixão para direcionar constantemente as atividades para objetivos benevolentes, o eu eterno perfeito e a total pureza da vida que nada pode corromper.
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E era isso.
Saudades do meu novo país. FUI EU QUE ESCREVI ISSO? Nooossa ;)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

5 € tutto compreso

Então.
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A Aerolineas Argentinas merece o prêmio framboesas de ouro da aviação mundial. Mas foi desculpada na volta ao meu lar. Eu e mais os 5 demais malucos num Boeing para mais de 200 pessoas. Sim, voei para POA com mais 5 companheiros de bordo.
Talvez seja por isso que ela tenha feito o aero de Ezeiza parar na semana passada, justamente quando eu só queria chegar em casa. Sabe quando você está voando há mais ou menos dois dias, não tomou banho, não comeu direito, as olheiras estão nos pés e você só quer chegar em casa e a sua cia aérea pára? E ninguém informa mais nada? E todos os presentes de Natal estão na mala que eles não sabem onde foi parar?
Bem vinda ao Sul da américa, á capital de um país presidido por uma peronista fascista.
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Mas, adesso falemos de felicidade! Nada como voltar ao lar, hummmm...Ao seu lado bom e ao seu lado ruim. Tantos de um lado e de outro.
Mas estou feliz, e é o que importa.
Acabei de entornar o copo de alegria, porque acabei de ver os amigos que amo: Mauro, Helena, Jorge, Carol. Amanhã tem mais, tem churras ds Ninoca e do compadre Barni. Hummm, não vejo a hora.
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E para as librianas minhas gêmeas, na qual a Carol se incluiu agora também (só falta carimbar o passaporte) eu digo: NA VOT C'CAMP.
E passa o lápis e escrevo outro dia, que agora vou dormir na minha cama deliciosa...Hummmm.
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l-o-v-e-p-o-a!!! :)

terça-feira, 17 de novembro de 2009

maconha intelectual

O post de antes foi uma verborragia porque fazem dias que 'não vou aos pés'. E o PH respondia: mas não dava para ir com as mãos? Não querido, acho que não.
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Como fiz naquela sala em PoA quase um ano atrás? Se eu soubesse que iria terminar assim não teria chorado tanto. Teria rido á toa de tudo e de todos. E lá não vai faltar ninguém, que era meu medo infantil. Só uma pessoa que Passou: o Tio Neco, sobre o qual eu escrevi um ano atrás, no aníver da Dona Dona. E fui lá e reli de novo, porque valia a pena para mim reforçar a frase: nunca deixaram ser quem ele queria.
Trata-se de um adulto que assim falava de sua vida. Nunca fiz o que quis. Mentira ou verdade, agora não importa necas.
E me pergunto: eu faço o que eu quero? Eu, eu e eu, sim senhores, porque o mundo age, faz aqui e faz ali, mas sou eu em última instância que escolho.
Já duvidei e para comprovar esta ponta de dúvida fui lá conhecer o outro lado. Me quebrei, fui apedrejada mas também fui remida, fui valorizada. Na dúvida sempre fui lá conferir. Quanta queimação. risos.E ao optar outras vezes, será que tomei a decisão certa? Fiz o que minha alma e coração mandavam? Oh céus, eternas perguntas, eternas porque uma escolha exclude a outra e como seria se tivesse pego o outro trem. Entende? Um dedo para ver esta imagem...risos.
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Sou presa no flagra pelas imagens e vi uma imagem de quase perfeição esta semana que passou.É de uma menina muito querida, amiga de minha irmã que tem uma filha solar, como ela. E esta imagem me levou a um pensamento: pensei se não sou demais. Se não tenho sonhos demais, se o ideal não era ter ficado lá quieta no meu canto, agora morando na rua dos sonhos da gringolândia, com minhas lindas crias correndo para lá e para cá. Trocando fralda, mas aguentando uma vidinha. Que não é de merda, veja bem. Não seria de merda. Mas para mim é. Porque?
Porque tenho em mim todos os sonhos do mundo?
"Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer".
Mas não morro, eu acordo amanhã e esta dúvida continua. Falando nisso, nunca quis morrer, mas é a primeira vez que desejo não estar aqui. Só porque estou acometida de um grande cansaço e uma preguiça enorme em ter que escolher. De novo.
Ai que saco! hahaha.
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Passou. Precisava vomitar...É que cansa ser dona da vida da gente as vezes e não ter - por não querer simplesmente - um ombro para repousar.Mesmo tendo.
Paradoxalmente hoje tenho dois ombros quentes que aqui me guardam, mas não quero dar a eles o cetro da minha escolha. Porque virarei prisioneira de um algoz que nem sabe que o é.
Viu como é? Então é assim: se não tem o ombro reclama ou sublima. Se tem o ombro reclama porque não quer dar a ele o poder de ajudar na escolha. Que merda que é ser uma pessoa responsável neste mundo.
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Ou isso ou está na hora de relaxar e gozar mais. APROVEITAR O PRESENTE, que tem vários laços, cartões e papéis de embalagem nesta terra macarrônica.
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Falando nisso tenho que aprender com ele a ser assim nem aí para este mondo cane. Ele vive um dia atrás do outro e como exemplo de "não levo nada deste mundo mas o aproveito" está fazendo um concurso para ter garantia de emprego (quanta sabedoria)vitalícia no governo local. Espero que vença porque vai ter que me sustentar se meus delírios profissionais não acharem terreno fértil por aqui. Brincadeira. Ele diz que quer viver para pagar a calefação, a luz e a água. Ah! E se der para ir ao cinema, restaurante uma vez por mês, pagar o financiamento do apartamento está bom também. Um livrinho por mês, uma birra no findi. Olho para ele e peço se tem mais fumo desse de onde ele tirou porque eu quero me chapar todo dia com este modus vivendi.Eu não consigo! hahaha.
Mas talvez ele tenha razão. Ao menos aqui neste Old Mofo World. Eu é que vim dum país New Fashion Way onde ser dono do próprio negócio é a coisa mais bacana que se pode querer porque aí você é que vai mandar no seu horário e no outro. Ser 'imprenditora'. Mas aqui todo mundo se contenta, porque é tranquilo. Para que se incomodar se o teu pomodoro vai continuar sendo fresco? Captou?
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Breaking the rules. Ou aceita e pára de me encher o saco, Consciência. Eu heim?

Entã

...eu não queria deixar aqueles campos floridos, mas a Demanda exige. Que posso fazer, raios do céu?
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Ontem tive uma conversa para lá de profunda. Até hoje pensando...
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Ela disse que estava muito triste porque tinha que ir-se. De novo! Eu penso que já é algo como dor de cabeça e paracetamol, pasta e água quente. Quando, bendito quando quando as pessoas se acalmam? Com Saturno em trânsito na casa 6 ainda. Coitada. Ou abençoada? Eu não queria ser ela. Mas ás vezes até ser eu mesma me cansa.
Ser. Ou morrer para não ter que se perguntar sempre: quando é que eu vou descansar de vez? Mas e quando vem a calmaria se quer a baixaria e assim é.
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Mas eu a entendo tão bem e saio da análise de mim mesma para ver outros tipos de pensamentos, amores e sofreres. Mas não por muito tempo porque eu também tenho que ver onde eu vou querer estar nos próximos anos.
Algumas opções:
- na Itália. Engordando como uma porca e trabalhando num sub-emprego. Ou trabalhando na área mas ganhando menos que a minha faxineira no Brasil.
- no Brasil. Trabalhando na minha área, falando meu idioma, sendo feliz. Tupinicazuta, mas feliz.
- no raio que me parta. Feliz.
Hahaha.
Eu quero ver se encontro um lugar para viver onde por muito pouco se possa viver, sonhar e ser feliz. Sozinha ou acompanhada. Gorda ou magra. Sei lá, só sei que antes de ouvir toda a ladainha (e ouvir-me lá falando comigo mesma) eu era bem feliz.
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O que uma pessoa precisa para ser feliz? Quero fazer esta pergunta um dia mas quero que me respondam.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Bye bye Claude!

Ontem recebi em casa finalmente Il Quaderno do Saramago e estou esperando a minha encomenda lusitana logo mais...Não vejo a hora!
E fui lendo e me apaixonando e sentindo que é a grande hora! Que arrepio.
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Infelizmente hoje acordei com a triste news de que Lévi-Strauss morreu aos 100 anos. Bem, não é triste, eu gostaria de haver tido a vida deste homem, e morrer é apenas jogo de palavras, como disse Rita Levi (coincidência!)Montalcini a Saramago: "Non ho mai pensato en me stessa.Vivere o morire é la stessa cosa. Perché la vita, naturalmente, non é in questo piccolo corpo. L'importante é il modo in cui viviamo e il messaggio che lasciamo. É questo che ci sopravvive. É questo l'immortalitá". Ela também tem 100 anos...
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Serei lúcida quando chegar aí? Terei tido estórias para contar? Não as minhas particulares aventuras, mas aquelas que modificaram e verdade a vida de muitas pessoas?
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E para finalizar o pensamento desta manhã no melhor estilo outonal milanês (ou seja, com o céu da cor burro quando foge) transcrevo as palavras de meu sábio mestre JC.

Meu presente de vida seria vê-lo em conferência com Claude e Saramago. Deleiteeeee... Que loucura!

"Além disso, permito-me ir mais passionalmente do que ia nos livros anteriores porque realmente penso que o clero merece uma boa sova. Eles sabem que o que eles estão ensinando já ficou para trás, mas ficam tentando trazê-lo de volta. Recentemente tenho tido experiências bem agudas nesse contexto. Aqui estou eu, alguém cuja vida toda foi dedicada à mitologia, e a igreja agora, parece, está interessada em mitologia. Então eles me convidam para esses diálogos e triálogos e tetrálogos e assim por diante. E quando coloco o que considero o credo tradicional cristão, até mesmo os padres anglicanos levantam suas mãos e dizem, “Ah, mas não acreditamos mais nisso”.

Mas eles ainda continuam com aquele livro. O que eles acreditam agora é no amor e na humanidade e tudo isso. Eu digo a eles: bem, você acha isso nos Upanishads, em Lao-Tsé; você pode achar isso em qualquer lugar, então qual é a sua declaração? Eles continuam afirmando que são únicos. Ora, São Tomás de Aquino disse que até um grego acreditava em Deus, mas um grego não acreditava que havia um pai, um filho e um espírito santo; que o filho tornou-se homem e foi crucificado e através dessa crucificação redimiu o homem do pecado original. Coloquei isso há apenas cinco dias e o bispo Fulano de Tal disse, “Ah, mas não falamos mais assim”.Então, o que dizem? Ainda assim, eles continuam com aquela reivindicação. Estão protegendo sua fé, estão mesmo – isso é engraçado. Esse movimento ecumênico na Igreja Católica é uma piada porque estão se apegando a sua exclusividade. Estão tentando dizer, sem dizer abertamente, que você tem quer ser batizado para ser salvo – não podem dizer algo diferente e continuar sendo católicos.

O homem é redimido pelo sacrifício de Cristo; participa-se do sacrifício participando dos sacramentos, que foram fundados pelo próprio Cristo e, fora disso, “fora da igreja não há salvação”. E com relação aos protestantes, sempre me lembro do personagem Stephen Dedalus de James Joyce, que diz no final do Retrato, quando lhe perguntam “Você vai se tornar um protestante?”, e ele responde, “Perdi minha fé, mas não perdi o respeito por mim mesmo”.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

You don’t need to be coy, Roy

Summer breeze makes me feel fine blowing through the jasmine in my mind!
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Tomei o mesmo susto da Fortuna quando ela sai quando eu peço que saia. Sem querer (conscientemente) o media player foi bem na veia hoje. O negócio está ficando claro, cada vez que eu escrevo e não pode ser culpa de Mercúrio. Não, não. Porque quando a gente acorda mesmo que sonhe várias vezes depois a realidade continua a mesma?
Porque eu virei Petra. Porque eu não me deixo mais mesmo. Então esta é a resposta?
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Voltemos a achincalhar a Itália então, porque eu hoje acordei com vontade de encontrar um bode expiatório...risos.
Recebi uma proposta de emprego.Boa, contrato INdeterminado, que aqui significa dormir tranquilo até a aposentadoria, algo como concurso público brazuca. E eu odiei! E eu chorei de raiva quando recebi, me sentindo culpada, óbvio, porque domingo havia lido que NÂO há emprego. Porque não há e eu sei. Tem branquinho (não posso ser politicamente incorreta porque este blog é aberto ao mundo virtual) que acorda as 5 da matina, pega metrô, trem, come um panino de merda no almoço e no fim do mês, fora as contas de 'riscaldamento' e etc coloca na mesa 800 euros. Para a esposa, filhos e sogra juntamente. Ok, esta é uma realidade. Mas para este cara está bom, porque ele veio do suvaco da cobra da Romênia onde provavelmente passava fome. Mas e para quem ganhava um ótimo salário, vivia com sol nos finais de semana, cinema e livraria na sexta feira, cervejinha gelada com os amigos de fé, férias no paraíso "florinapolitano", expressando-se na mesma língua com que nasceu e foi criado e era realmente feliz?
O que esta pessoa deve fazer? Ficar e aceitar a condição imposta por um país de merda, que trata seus jovens com desdém, que vive num conto de fadas onde se ganha uma merreca, mas, veja bem, se tem a melhor pasta, o melhor pomodoro e as obras-primas mais importantes do mundo?
Não sei, minha alma não está a venda por um punhado de fundo de alcachofra com manjericão ao forno, entende? Por melhor que seja a companhia neste jantar, por melhor que seja a sobremesa, o licor de encerramento. Por mais gostoso que seja o tiramisú. Não não e não.
Meus avós é que eram espertos. Embarcaram no navio antes que a nave mãe afundasse. Mas quando é que tudo isso começou afinal???
Ontem a gente conversava e não descobrimos, parece até que sempre foi assim. Não existe memória que me conte algo diferente. E é uma coisa muito triste, porque todas as pessoas que eu conheço enfrentam esta realidade, e não com a nossa cabeça erguida brasileira, mas com um ranço, uma visão: tudo bem, é assim mesmo, eu não vou mudar então aceito o que tiver.
Eu não sou italiana, não senhor. Sou uma dona brasileira que tem sonhos e que não se conforma, e que não permanece, porque pode secar. Mesmo que haja um regador carinhoso por perto.
Eu sou uma eterna demanda e, decididamente, meu país é o último oásis sobre a Terra.

Lua Cheia e outros sacos

Eu sou uma crente-cética em astrologia. Pesquiso, faço mapas, me aconselho com quem entende do 'mestier' e sempre vou lá no astro.com para ver qual o céu do momento.
Geralmente, funciona. Quero dizer, encaixa direitinho na minha neurose semanal, mensal ou oral (tenho pitis muitas vezes que duram apenas segundos...).
Pois bem, esta semana, não sei onde esta tal da Lua Cheia se meteu no meu mapa (estou pesquisando ainda...risos) que eu to com vontade de matar meio mundo. De chorar até desidratar meu fígado, de bater a porta na cara de quem não tem nada a ver. Só porque existe.
Tem jeito esta lua? Ou eu é que não tenho?
Aiiiiiiiiiiiiiii. Vontade de me atirar pro aeroporto mais próximo que houver vôo direto para Polinésia. Qualquer ilha entende? Qualquer.
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Ter liberdade é perigoso. A gente nunca sabe onde pode estar.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Lógica da Batata por San Saramago

É o escritor português mais polémico de todos os tempos. Se a reacção ao 'Evangelho segundo Jesus Cristo' foi épica, a que 'Caim' recebeu é digna de um cenário de guerra em que de um lado, pensa-se, estão os ateus e do outro, admite-se, situam-se os crentes. O debate ainda vai no início, como a leitura do livro...

Ia à missa quando era criança? Levaram-me duas vezes e não gostei. Tinha sete anos e aquilo pareceu-me incompreensível. Nós morávamos na Rua Fernão Lopes, numas águas--furtadas de um prédio, em Lisboa, de cinco andares que já não existe, que era o lugar onde a arraia-miúda morava porque os mais abastados ficavam com os apartamentos mais baixos. Houve alguém de uma família muito católica que perguntou à minha mãe se ela não se importava que me levassem à missa. E à minha mãe, que tanto fazia, disse: "Pois sim, levem."

Que idade tinha quando foi à missa? Sete anos. Lembro-me de ter cometido um primeiro acto irreverente no momento da elevação, em que toda a congregação dos fiéis baixa a cabeça, e eu levantei a minha para ver o que é que se estava a passar: nada. Cheguei a casa e disse à minha mãe que não queria ir mais. Se não lhe tinha importado dizer que sim, tão-pouco lhe importou que eu tivesse dito que não.

Os seus pais não eram muito católicos? Não. Eram católicos daquela maneira que se era onde a religião imperante é o catolicismo - levam os filhos à igreja quando nascem, depois seguem-se os outros sacramentos quando se seguem.

Então foi baptizado na Igreja Católica? Fui, mas depois do baptismo não se passou nada, não houve confirmação. Não tive qualquer tipo de educação religiosa e na adolescência não aconteceu nenhuma crise religiosa. E vivi tranquilamente sempre, não foi assunto que me tirasse o sono. Fui crescendo, tornei-me adulto e depois, claro, li umas quantas coisas e uma delas foi a Bíblia.

Nasceu cinco anos depois das aparições e a sua infância decorreu durante a criação do mito de Fátima. Sim, mas nunca me tocou, nem aos meus pais.

Não acreditou nas aparições? Naquela altura, com poucos anos, era indiferente que acreditasse ou não acreditasse. Não percebia como é que a Virgem aparecia em cima de uma azinheira para dar um recado divino a três miúdos analfabetos. Acho que tudo isso foi uma montagem que continua a render.

Não vem daí este seu posicionamento? Eu não disse aos 15 anos: "Isto é mentira e eu vou lutar contra isto." As coisas foram-se tornando claras, sem qualquer sombra de crise religiosa, apenas por curiosidade e por não entender.

A sua mulher, Pilar, foi freira. Não ficou chocada com esta sua narrativa? Não, nada. Ela hoje não crê. E não é de hoje.

Conversou com ela sobre Caim? Não. Eu tenho o meu trabalho, faço-o. Ela lê imediatamente aquilo que vou escrevendo - parecendo-me a mim que era algo um tanto ousado - mas nem me disse: "Não faças." Se alguma coisa disse, foi animar-me a continuar.

A religião sempre esteve presente nos seus livros. Mais ou menos.

Desde o Levantado do Chão! Na figura do padre... Desde há muitos anos que eu venho dizendo que a Bíblia tem umas quantas histórias mal contadas. Uma é a do David, supostamente o herói David, que matou o gigante Golias porque tinha uma "pistola", que era aquela funda, que se lhe parecia muito. Se Golias se aproximasse dele, provavelmente fazia-o em pedaços, mas David dispara-lhe uma pedra que atinge Golias na testa, este cai desmaiado e David aproxima-se e corta-lhe a cabeça. Onde é que está o acto heróico? Não há. Depois, o caso de Caim e de Abel tornou-se, de uma forma mais impressiva, consciente mais tarde. E desde então, não estive a pensar em Caim durante todos estes anos. De vez em quando, era uma questão que regressava, sobretudo quando se falava da Bíblia. No fim do ano passado, perguntei-me: "E se eu escrevesse sobre Caim?" Pareceu-me, naquela altura, uma tarefa um bocado complicada e afastei-a um pouco da cabeça. Mas ela voltou e eu fiz-lhe a vontade, o livro está aí.

Não foi nenhuma reacção a este Papa? Só quis foi entender o que se passou naquele lugar onde Caim e Abel estão a sacrificar ao Senhor e Ele se comporta daquela maneira que nem sei como chamar-lhe ao aceitar o sacrifício de um e rejeitar o de outro. Um Deus não podia permitir-se esta desigualdade de tratamento! Era porque gostava mais da carne que das espigas?

Ratzinger é um Papa que não lhe agrada? Os papas não têm de me agradar nem desagradar. Penso que os verdadeiros juízes das acções dos papas deveriam ser os crentes, pois eu não tenho nada a ver com isso. Não me agrada a figura, parece-me um hipócrita, mas, enfim, a Igreja Católica não acaba pelo facto de eu pensar assim.

A religião sempre foi um assunto que o preocupou. Escrever Caim foi uma razão para poder pensar essas questões? Não. Eu não quis escrever sobre o assunto, não tenho planos de trabalho, não incluí a religião na lista das coisas que quereria trabalhar. Já teremos falado disso, de que eu obedeço a impulsos. Se escrevo um livro, não quer dizer que o livro seguinte siga a mesma direcção ou que seja uma ampliação do que disse no livro anterior. Para mim, desde sempre, considero um livro terminado como um livro fechado. Não volto a ele e não volto ao assunto. Se formos ao Manual de Pintura e de Caligrafia e acabarmos no Caim, vê-se que os livros não se repetem. Agora, como não sou inteiramente burro, ganhei muito cedo a consciência do peso da religião na vida humana. E como, depois, quando se entra em leituras históricas e se encontra com o desastre, digamos, do alargamento da influência do cristianismo, que isso custou cidades destruídas, milhares de pessoas mortas, assassinadas, degoladas, queimadas… As Cruzadas foram qualquer coisa que a Igreja devia pedir perdão! As Cruzadas, imediatamente idealizadas com esse absurdo de avançarem contra os inimigos aos gritos. Que sabem eles de Deus? Fiz essa pergunta a um teólogo há pouco tempo: o que é que sabem de Deus, afinal de contas? Não sabem nada, alguém um dia disse que Deus existe e depois os teólogos não têm feito outra coisa senão armar o andaime para que essa ideia se sustenha.

Então, tem acompanhado estas questões? Mais ou menos e, ultimamente, fiz uma descoberta através de uma pessoa, de que Deus antes da criação do universo não tinha feito nada. Durante uma eternidade, que nem podemos avaliar quanta, até que chega a um momento em que decide criar o universo - não se sabe para quê - em seis dias e ao sétimo descansou. E continua a descansar até hoje! Quando digo, e sobre isso não tenho qualquer espécie de dúvida, que o ser humano inventou Deus e imediatamente se escravizou a ele, isto é óbvio! E depois aquilo que ultrapassa a minha capacidade de compreensão é o facto de que, se houvesse Deus, seria apenas um único Deus. Não podemos imaginar um céu dividido em três, quatro, cinco, dez ou cinquenta pedaços e um deles a governar. Portanto, se houvesse Deus, seria um só Deus. Se houvesse um Deus, por muito diferentes que fossem, seriam equivalentes, cada um o faria de acordo com a sua cultura, com o que quer que fosse, mas não é isso que se passa, cada igreja só pensa em derrotar a outra e cada religião só pensa em derrotar a outra. E foi o que se fez: os protestantes, os albigenses, os valdenses perseguidos, enforcados em França. Não há duas pessoas de um manto de religiões diferentes que se sentem a uma mesa e digam uma à outra: "Vamos acabar com isto." O facto religioso está aí, não se pode nada contra ele, e quando digo "acabar com as religiões", sou perfeitamente consciente de que isso não é possível. Mas a minha pergunta é esta: se crêem em Deus, crêem em um Deus. Portanto, até mesmo por respeito a ele, porque não se põem de acordo sobre uma palavra, simplesmente: paz? Paz entre as religiões.

As religiões estão a substituir as ideologias? Aquilo a que chamamos ideologias nasceu depois de milhares de anos de religião. A religião, que é uma ideologia, precedeu o aparecimento recente daquilo a que nós chamamos ideologias.

Uma das críticas que lhe fizeram nesta polémica é que, sendo Prémio Nobel, não poderia fazer estas afirmações tão polémicas. Ah, não?! Isso é caricato. Então um Nobel que me foi dado - supõe-se que por boas razões - seria paralela e contraditoriamente algo que deveria fazer-me calar e não tocar em certos assuntos? Era o que faltava!

Nesta polémica, após as críticas da Igreja, houve uma tentativa de a politizar com as declarações do eurodeputado Mário David... Essas declarações não merecem comentário. Não tenho nada que dizer sobre isso.

Ele referia-se que em tempos ameaçara com a renúncia à cidadania portuguesa. Que eu teria dito isso! Para além de tudo, é mentiroso, pois isso nunca aconteceu. A única coisa que disse - e o futuro nos dirá se tenho razão ou não - é que a união de Portugal com a Espanha será uma fatalidade. Positiva, espero, e que não retirará nada à cidadania portuguesa que continuaremos a ter. Nem ao hino, nem à língua, nem à cultura, nem a nada, até porque a confederação ibérica foi defendida no séc. XIX por muito boa gente como, por exemplo, Antero de Quental.

Continua a pagar os seus impostos cá? Sempre e até ao último cêntimo. Sou mais honesto a pagar os meus impostos que muitos dos ricaços que estão por aí, que os sonegam, que os escondem e os levam para os paraísos fiscais.

Acha que este ataque imediato da Igreja foi uma tentativa de fazer um ensaio sobre a sua "cegueira" religiosa, ao afirmarem que é um livro unilateral? Porque é que dizemos cegueira religiosa? É uma cegueira que impede de ver a religião ou é a religião que cega as pessoas?

Aceita que Caim é ingénuo? Não! Quanto ao ingénuo, há sempre um grau de ingenuidade - felizmente - no que se faz, que é crer que se pode fazê-lo bem e tentar fazê-lo assim foi o que aconteceu comigo. Quanto a essa história, que para a Igreja é o cavalo-de-batalha, de que não levei em conta as leituras simbólicas, a minha resposta é esta: eu li um texto, que é o que difundem e não podem apagar. Se querem evitar leituras simbólicas, então ponham ao lado de cada pessoa um teólogo que explique ao leitor da Bíblia o que é que deve encontrar lá.

O livro saiu em Portugal, no Brasil e em Espanha, países maioritariamente católicos. Acha que esta reacção vai continuar? Não, em Espanha, não. Publicou-se lá recentemente um livro do Fernando Vallejo, La puta de Babilonia, que se fosse eu a escrever aquilo cá em Portugal tinham-me dependurado num desses candeeiros da avenida. É de uma violência de denúncia e de crítica que é um autêntico bota--abaixo.

A reacção em Portugal deve-se a Caim ser escrito por José Saramago? Basta isso? Se calhar, basta, mas eu não sou juiz nesse caso. O que digo é que a minha pessoa desperta muitos anticorpos nesta terra.

Que resultaram numa polémica nacional… Uma polémica que, no fundo, não tem grande sentido. Se não fosse a requintada sensibilidade da Igreja em certos casos - outros há em que não teve nenhuma - isto não teria acontecido. Tive a ingenuidade de supor que a Igreja Católica não se ia meter nisto, porque era o Antigo Testamento. Como digo, e eles não negam e as sondagens ou inquéritos confirmam, os católicos não lêem a Bíblia. Quando muito, lêem o Novo Testamento, e algum mais curioso, ou mais amante da beleza de textos, irá ler o Cântico dos Cânticos, os Salmos e pouco mais. Era o que eu pensava que ia acontecer e não se compreende que pessoas tão habituadas à diplomacia secreta, como é a da Igreja, saltem à arena mal o livro saiu, tomando como pretexto as declarações que fiz em Penafiel. Só que o que disse em Penafiel já o tinha dito antes, que [a Bíblia] não é livro recomendável às crianças. Mas isso não quer dizer nada, os protestantes da facção evangelista são educados na interpretação literal - se é literal não é interpretação, é aquilo que lá já está - e é por aí se regem.

O seu pecado original foi ter feito aquelas declarações em Penafiel? O que é que eu disse, afinal de contas?! Que na Bíblia há violência, crueldade, incestos e carnificinas? Isso não pode ser negado. Ainda que eu tenha chamado à Bíblia um manual de maus costumes, qualquer um o podia ter feito, porque é, efectivamente, o que é. Tudo quanto é negativo no comportamento humano está ali escrito.

Refere-se ao Antigo Testamento? O Antigo Testamento é uma espécie de catálogo do pior da natureza humana. O que mostra que, tendo sido escrito há três mil anos, chegamos à triste conclusão de que a natureza humana não melhorou muito. A questão de Deus, que é o que aflige talvez mais aos crentes - um Deus que nunca viram ou que, como eu digo, nunca alguém se sentou a tomar um café com Ele -, é outra coisa.

Queria a Igreja, ou alguns dos representantes, que se levasse em conta as leituras simbólicas da Bíblia? A grande crítica é que não deu o desconto de ser uma linguagem metafórica.

O que não me impede de considerar a literalidade do texto. Não é isso que está lá escrito? Se a leitura da Bíblia, tal qual ela se apresenta aos olhos de qualquer pessoa, não pode ou deve ser lida assim e se há que levar em conta as leituras simbólicas, então, repito, estão obrigados a colocar ao lado de cada pessoa que esteja a ler a Bíblica um teólogo que oriente essa leitura, para que não caia na tentação, parece que primária e ingénua, de tomar à letra o que lá está.

Não aceita estas críticas, portanto? Não nego a possibilidade de uma leitura simbólica, ou duas, ou três, ou quatro, ou cinco ou as que quiserem. Mas que as leituras simbólicas e o trabalho da exegese não sirva para fazer de conta que a letra não existe. Não sou teólogo, nem para lá caminho, e não estava obrigado a complicar uma narração que queria simples e directa com introduções exegésicas ou lá do que gostariam. Aquilo que está ali foi lido assim durante séculos, apenas descontando aqueles em que a leitura da Bíblia esteve proibida pela Igreja Católica. É que a Igreja Católica tem muitos telhados de vidro, mas entretém-se a dizer que são os outros que os têm. E, por isso, armou-se uma polémica sem qualquer sentido.

Preferiria que não tivesse acontecido? Uma coisa é uma opinião que se tem: o livro era mau, o livro não presta, o livro do ponto de vista da Igreja está incorrecto. Que se ficasse por aí.

A reacção, no entanto, foi imediata. Logo na manhã seguinte já estavam todos alvoroçados a atacar-me! Apesar de terem uma experiência de séculos, podiam ser um pouco mais prudentes, mas são como os cãezinhos de Pavlov, reagem imediatamente ao estímulo. É lamentável. E a Igreja fez uma triste figura em tudo isso, pede-se-lhe mais responsabilidade. Quando disse que há muita frivolidade nos senhores da Igreja, é mesmo o que penso, porque só um comportamento frívolo é que explica isto.

Vários padres disseram que já começaram ou até já leram o livro. Acha que o conseguem ler como uma obra literária? Não. Estão demasiado condicionados para ler tudo à luz dos preceitos que lhes foram incutidos, em que se criaram, educaram e prosperaram. Portanto, não vão ser capazes. Excepto um ou outro e eu até fiquei surpreendido quando ouvi um teólogo - uma coisa é um teólogo e outra é um padre -, Anselmo Borges, dizer que tinha gostado do livro. Mas a Igreja fará sempre afirmações que querem dizer: "Não devias ter escrito esse livro, devias ter escrito outro." Quer dizer, outro que estivesse de acordo com os preceitos da Santa Madre Igreja.

Também se fizeram ouvir representantes de outras religiões. Sim, embora sem grande êxito, alguém pôs em marcha as outras confissões religiosas. Os judeus não deram grande importância...

Esperava pior reacção dos judeus? Quem é que é directamente atingido? Os judeus, que continuam a considerar o Antigo Testamento, a Torah, como o livro sagrado por excelência. Há que dizer que não invento nada, limito-me a levantar as pedras e ver o que está debaixo. Se acho que uma pedra merecia ser levantada, é, justamente, a do assassínio de Abel. E fi-lo.

Caim sempre o perseguiu a vida toda? Não, coitado do Caim. Desde que li, já lá vão muitos anos, a história de Caim e de Abel, logo me pareceu que havia ali qualquer coisa que não funcionava bem em termos de comportamentos normais, seja de seres humanos ou de Deus, se é que Deus tem algum comportamento normal. Caim mata Abel e o que se esperaria seria que Deus condenasse Caim, de uma forma radical por essa morte. Olho por olho, dente por dente. Mas não - propõe-lhe um pacto que consiste em "eu não te mato, ficas condenado à errância por toda a tua vida". E quando Caim, com uma preocupação bastante legítima, diz: "Mas, como eu matei o meu irmão, agora qualquer pessoa pode matar-me", Deus diz: "Não, porque eu vou pôr em ti um sinal que impede que te matem." Não é estranho? Há um comportamento que, por mais voltas que as igrejas que nasceram do cristianismo lhe dêem, não tem justificação.

A Bíblia não serve de exemplo? Não consigo entender porque é que Deus aceita um sacrifício e rejeita o outro. Não sabia, omnissapiente e omnipotente, o que ia acontecer? Estava tão confiante na humildade de Caim que pensou que não aconteceria nada? Pois, aconteceu. Essa é a raiz do livro e não outra. Eu não quis escrever sobre a Bíblia, nunca a pretensão seria essa! Eu quis escrever sobre algo que continua para mim a ser incompreensível e, dado o comportamento de Deus numa situação como aquela, se repete ao longo da Bíblia a mesma indiferença e também a mesma crueldade, é por isso que eu digo que Deus não é de fiar. O que é que se pode dizer de um Deus que depois de ter prometido a Abraão que se houvesse dez inocentes em Sodoma não queimaria a cidade e a queima? Podemos ter a certeza, qualquer um de nós, pobres seres humanos, que sabia - sem ir contar os inocentes - que havia inocentes: as crianças. Queimadas como os seus pais e mães, e tudo mais. O que é isso? Prometer e não cumprir?

Pôr Caim a viajar no tempo foi a solução para tratar desses episódios que critica? Ele viaja no tempo, mas essa história das viagens no tempo já se tornou um lugar-comum.

Mas nunca pela Bíblia? Nunca na Bíblia, mas o problema que eu tinha para resolver era este: como é que Caim, na sua vida errante, vai encontrar algo que justifique o livro? Não usei, salvo para dizer que não usaria, as palavras futuro e passado. O que utilizei foi outra coisa, chamada presente-passado, ou presente-futuro. Portanto, tudo são presentes, o que acontece é que uns já estiveram e outros irão estar. Foi uma habilidade para fugir a essa coisa da viagem no tempo, embora no fundo o seja. Mas repare que não dou importância nem faço qualquer descrição sobre os efeitos dessa passagem.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Pappi, D.c

Quando Agamennon matou a namoradinha de Aquiles, disse a este que 'não tenho culpa, fiz a mando de Zeus e das Erínias'. Muitas eras depois, na troca das deidades gregas pelas cristãs, este tipo de ato veio culpabilizado pelo Demônio. E nos laudos psiquiátricos do século 18, os psiquiatras escreviam, ao lado de sua assinatura 'D.c', ou seja, Deo Concedente. Se deus concede de abandonar a mente deste homem, não será mais necesário uma internação. Deixe o maluco solto... risos.
Lembrei destas estórias quando lia hoje o jornal com as sacadas doidas de Berlusconi. Alguém mande internar este homem por favor antes que ele transforme a Itália num manicômio? Porque parece que ele está certo e os 65% que não votaram nele é que são os doidos.
Eu não sei mais o que pensar. Melhor não pensar. Mudar de tema.
*
O problema é quando a verdade, de tão escancarada,começa a ser vista como mentira.
*
Proncovô? Não sei ainda. Mas adoro a idéia de projetar este novo caminho.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

nasceu.fudeu.cacaso não morreu ;)

“Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais.
Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável.
Essa terceira perna eu perdi.
E voltei a ser uma pessoa que nunca fui.
Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas.
Sei que somente com duas per­nas é que posso caminhar.
Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.
Estou desorganizada porque perdi o que não precisava?
É difícil perder-se.
É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo.
Até agora achar-me era já ter uma idéia de pessoa e nela me engastar: nessa pessoa organizada eu me encarnava, e nem mesmo sentia o grande esforço de construção que era viver.
A idéia que eu fazia de pessoa vinha de minha terceira perna, daquela que me plantava no chão
Mas, e agora?
Estarei mais livre?”

Clarice, a Luz Péctor. ;)
*
Buenas, esta vida é mucho louca e eu não páro de achar isso o dia inteiro. O negócio é o seguinte Viajante: esta cidade é bonitinha!!! Tu acredita ouvir isso de mim? Nem eu! Eu ganhei uma bici, veinha, charmosa, tem até cestinha para fazer compras! Cestinha para fazer compras! Eu! Ai ai. E um namorado italiano! E uma vida de gente!
Só falta o dindim, só falta o dindim. Não, não falta, tenho que usar meus conhecimentos de Lair Ribeiro, lá dos idos dos 90 e poucos e mentalizar: eu tenho tudo, eu tenho tudo, eu tenho tudo.
Ponto.
*
Buenas, voltando ao estado normal de pessoa idem, fora o fato de que todo o dia eu sinto uma pontinha de deprê por morar numa colônia (adjetivo pejorativo da cultura italiana da minha terra, para ficar bem entendido) a vida aqui vai bem. Seria melhor se não fosse aqui (hahaha) mas é. Então, faço da lima siciliana uma caipa napolitana. Sem açúcar, com mel. E me acabo nos aperitivos que temos feito, nas comilanças e nos picolos prazeres que esta terra tem para oferecer para quem abre os olhos. Sim, porque eu era um pouco cega vai, eu sei. E agora eu, aquela que era contra, tem que estar a favor. Porque eu não posso declarar a independência do meu feudo particular sozinha né?
*
Verborragia sem sentido. Porque o que eu sinto, é transparente ;)
E eu sinto que é delicioso pedalar daqui de casa no domingo, depois de ler La Reppublica (eu tenho uma ZH dominical agora!!!) para Naviglio, construída por Leonardo, para ver a feira de antiquariato e comer kebab! Kebab italiano!!! E depois adoçar a boca com marron glacê original. Original! E tomar campari com gin tônica na fashion Trussardi (nem sempre, porque não é sempre que se pode pagar 15 euros uma simples bebidinha...mas eu mereço ;)
*
Sei lá. Viver é bom quando a gente vive.
*
Ontem depois da pedalada domingueira paramos no Ibrit para o encontro com a Rosa que ia declamar poesias e cantar músicas de Cacaso. Os dois para mim era absolutos desconhecidos. Mas foi só começar que descobri um poeta, músico e artista que vale a pena conhecer mais profundamente... E ela...ah! Vale a pena ouvir, de verdade !
>>> rosaemilia.com ou myspace.com/rosaemilia2

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

love reputation

Gostei tanto que posto o que não é meu.
*
Tudo passa. Tudo é cíclico. Até o inferno…Sempre ouvi dizer que o luto tem de ser feito para se poder renascer sem a dor. A importancia de se fazer o luto sempre que uma perda significativa ocorre, é determinante para a qualidade do recomeço.E ao longo da nossa vida, temos sempre alguns lutos a fazer.É preciso fazer o luto. Parece duro, mas não é, se pensarmos que o luto, nada tem a haver com terceiros, mas com o esvaziamento da nossa dependência sentimental de terceiros (esta parte que eu achei poétiquissima, não´?). É uma espécie de rejuvenescimento, que o vento do tempo, sopra nas nossas vidas. Tudo fica circunscrito a uma doce ou má lembrança, que tanto num caso como no outro, não nos impedem de rejuvenescer. O tempo é um bom remédio para a cura.Olhar em frente e apreciar os prazeres que vida nos fornece é também uma boa forma de esquecer os maus momentos.
*
Vim para cá porque li Clarah. Saudades desta doida.
ps.: eu acho o nariz dela uma obra-prima. Juro.
:::
tem tanta coisa que não importa
saio aqui nesta janela com a pior vista da praça rusvel da qual eu tanto reclamo e penso: não importa
não importa de quem ou para quem
não importa se foi ou se foi inventado
não importa se sou eu ou você.
importa a ardência no nariz
o aperto no peito
o gozo
o quase gozo
umas idas e vindas uns começos e uns fins
a montanha de travesseiros que conseguimos fazer na nossa cama grandona
o som bem equalizado
a vida,
meu querido,
a vida
e todo esse amor que nunca vai embora.
amor não é jogo de azar
isso aqui não é las vegas
e jamais conseguiremos fugir de nós mesmos.
lembra?
:::
E o resto é baconzitos. hahahahaha.

www.youtube.com/watch?v=nfJqwuVgGNQ. Hummm! ;)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A te, Cavaleiro de Copas ;)



...A te che mi hai trovato
All’ angolo coi pugni chiusi
Con le mie spalle contro il muro
Pronto a difendermi
Con gli occhi bassi
Stavo in fila
Con i disillusi
Tu mi hai raccolto come un gatto
E mi hai portato con te
A te io canto una canzone
Perché non ho altro
Niente di meglio da offrirti
Di tutto quello che ho
Prendi il mio tempo...


Buenas, então era isso. Mais fácil do que eu imaginava.
*
Que coisa, não? Vivendo a impermanência mais uma vez, só que dum jeito tão 'manso' que eu nem acredito. Estarei em um script de matrix, dormindo naquela casa vazia, gélida, sem nenhum som familiar, a não ser o da neve caindo em blocos? Se for, não me acordem.
*
Eis-me pronta a alçar vôos novos, e agora, pós-33 (idade besta esta, Viajante, te cuida, que é de crucificar-se, literalmente...ps.: é o Enforcado mesmo!), quase ali nos 34, vivendo num paraíso astral (esperemos setembro em cheio) e terrestre eu me pergunto: se meu Visa foi cancelado, como farei para pagar as 7659 prestações da cruz que comprei em 1975? É, como disse Nanda (muito louca essa menina, aliás), eu só não crio juízo porque não sei o que ele come. Mas se soubesse mandava ele fazer dieta. Mediterrânea.
*
Sim, sem pé nem cabeça.
*
O negócio é o seguinte, e quem disse foi o papa da auto-ajuda italiana que eu não lembro o nome mas ganhei um livro (como foi presente eu li, mas é uma merda)" amare, non pensare". Porque se eu pensava eu não fazia. Sicuramente.
*
Todo mundo disse, só eu não quis acreditar que, quando eu estivesse bem, mas bem, Milano ia virar Florianópolis (ou quase, eu estou exagerando um bom pouco, eu sei). Não tenho o marzão nem caipas na beira da praia, MAS posso afirmar que hoje felicidade também é ver este céu cinza, Berlusconi se fazendo de santo, a TV ser um pastelão de notícias velhas e dirigidas, as bocas mais botocadas do mundo com os cabelos mais barbies ainda e topar com a italianada mau-humorada pelas ruas apinhadas de marroquinos, libaneses, turcos, chineses, africanos e claro, brasileiros que também devem pensar como eu: que a Itália não é o meu país, que não é o ó do borogodó, mas que pode ser o meu jardim. Ao menos por um tempo.
Hummm... todo estrangeiro é essa palavra mesmo: estranho.
E pouco a pouco estou descobrindo novos prazeres. Porque me abri, não somente a eles, mas ao amor. Aquele amor com A-M-O-R bem grandes, onde se confia e se pode contar, sem esperar e não nesta ordem. estou aprendendo, depois de uma vida, a aceitar. Aceitar ser cocolada, aceitar uma massagem, uma chuveirada com sal de frutas, um jantar com vela de jasmin e música lounge. E todos os temperos, sabores e aroma que só a Itália pode oferecer.
Torci meu braço, é, posso dizer que sim. Sem vergonha nenhuma, porque estou feliz, e seria muito triste não poder dizer: como eu estava errada sobre tanta coisa.
As coisas são, elas não mudam, o que muda é nosso ponto de vita sobre elas. Aqui não é o meu mundo, mas este habita dentro de mim.
*
É, o que não faz a alegria do encontro...
*
Falando em coisas nada a ver (como se antes tivessem) eu descobri com certo atraso que a Gisele está grávida e, ao dar uma bisoiada na net sobre o caso, acabei caindo numa página do Irã (que raios aconteceu eu não sei...risos), mas aconteceu de descobrir uma imagem de uma 'diva' dos 50, 60 de lá e eu a achei tão oposta a nossa ubermodel que resolvi postá-la. Tão engraçadinha...Dizem que é a mãe do Rei Pahlavi. Sem photoshop. ;)

Tá aí: http://www.negahi.com/2005/02/blog-post_110961506049982400.html, dando um show, cantando para valer...risos.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Presente presente

Buongiorno Amore Mio:

Ogni mattina vederti abbandonata nelle braccia di Morfeo mi rende felice e non solo...Sono contento di averti qui con me e spero per tanto, tantissimo tempo.
Ti adoro!Ti bacio

*
Eu acho que a pessoinha aí de cima não sabe ainda, mas pode ser que este seja o grande amor retornando a sua vida de borboleta saltitante.
*
Basta abrir os olhos.

domingo, 2 de agosto de 2009

...e eu ia esquecendo: saudades dos seriados americanos, com aquele humor sarcástico e sexy, da gorda Oprah e suas investidas com o Dr.Bonitão Saúde, da salada pronta na prateleira do Bourbon, da Fanta doce purgante diet, do bife a milanesa da mãe, do cheiro do jornal de domingo, do ronronron da minha gatita me seguindo no banheiro, na sacada e na cama. Do meu dolce far niente...fazendo tudo ao mesmo tempo agora.

Eu quero ser gente grande de novo!!! hahaha.

a te che sei

Aconteceu de novo. Risos.
Eu pensei que estava vacinada com estas experiências malucas que sem querer (será?) insiro no meu curriculum de vida. Eis-me aqui de novo realizando uma (umas muitas diria) atividades as quais eu nem imaginava pensar em fazer algum dia. No começo, eu tive um pitizão com o coordenador, briga feia mesmo, no estilo: ‘ non me frega um cavolo si tu vai via’, email para o De Masi, conversa panos quentes com a minha interlocutora e por aí vai. Tudo para chegar na mostra do design, aliás, coisa para a qual eu vim colaborar. Ufa! Como é difícil o pessoal entender heim? Será que falo português? Hahaha.
Agora, estamos bem e em paz, mas fiquei pensando que está sendo muito parecido com a experiência no CW, aliás, muitas coisas sem nexo em comum, eu diria, como o fato de estar no paraíso com muito mar e clima praiano (lá era no Rio e aqui é a Costa Amalfitana), não poder aproveitar na totalidade o mundo lá fora (lá e aqui tenho um dia livre apenas), não ter tempo para pensar em bobagens (as horas livres são para dormir e muito) e fazer dieta obrigatória (veja parentêses anterior). Ah, sim, e as escadas!!! Mamma mia! Não contei os degraus para não surtar, mas é a mesma coisa de Botafogo: para sair de casa e ir até a Fundação, são 15 minutos de escada (entenda-se subida e depois descida). Os meus glúteos milaneses agradecem ;).
Eu rio e espero apenas que o resultado que obtive lá possa ser replicado na minha vida de forma inversa aqui depois de tuuudo.
*
- Não, eu não te amo, mas pode ser que aconteça.
- Ok, eu espero, amore mio.
Será que virei uma egocêntrica amorosa e só vejo o amor em mim mesma? De qualquer forma, desta vez não há pesadelos mas sim uma imensa esperança. Na salvação das baleias douradas.
Procuro a resposta a como convencer um homem apaixonado que eu tenho também mil defeitos e que por isso, não se iluda! E que não, não vou mudar de idéia tão cedo sobre todo aquele blablablá sobre casar, ter filhos e etc. Eu já fiz a minha parte nestes temas. E que conhecer o pai, a mãe, a avó e a família inteira pode ser para depois, bem depois, depois de eu saber o que eu realmente quero com esta relação. Não me apresse senão eu surto! Por enquanto, não decidi nada, não quero nada a não ser estar junto separadamente, individualmente e no meu país, falando a minha língua. Me dá piriris pensar em viver com outra pessoa a não ser meu alter ego e claro, minha saudosa Dharma.
Segundo a Viajante é uma fase minha que pode passar ou não. Ou não, tá valendo? Capisci? Aguardo receitas milagrosas.
*
Hahaha. Até o paraíso enche o saco da gente. Decididamente eu sou uma mulher da selva...de concreto. Ainda bem que este projeto tem início, meio e fim, porque se eu tivesse que viver aqui eternamente, eu ia morrer de tédio. Não tente me entender...nem eu consigo.
*
Eu descobri a razão do meu mood meio down estes dois dias. Tem a ver com a saudade do agito metropolitano, de estar num mundo anônimo, de ir e vir sem depender de para onde e de onde. Tem a ver com as saudades do meu cinema sem dublagem, da minha pipoca tamanho justo e sal a gosto. Do meu sushi drive depois da Cultura das sextas-feiras. Dos churras com meu pessoal lá na casa da comadre Helena. Do pastel com Jorge no vegan do centrão. Do mau-humor do Kiefer quando contrariado.
Porto Alegre me manca. Retornarei?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

a indiana Napoli...


E io tra di voi capisco che ormai il fine di tutto comincia adesso.
*
Paradoxos meus: Nunca a vida foi tão feliz e tão difícil. Não morarei em Milano, a não ser que eu queira morar. Voltarei para Paris porque eu vi tudo que eu queria, mas faltou tudo que eu tinha que ver. Trabalharia em Londres se não encontrasse trabalho lá. Não poderia ser irlandesa, mas comeria o café da manhã deles com o maior prazer todos os dias. Veneza não é triste mas Ravello é alegre demais.
*
Que ano cheio de tanta coisa que eu preciso aprender a viver! ;)
*
Ser ou parecer, eis a grande questão.
- É o que tu parece, falou Ivan, e eu corei (de orgulho).
Bem, penso que é melhor parecer tudo isso ao mesmo tempo do que outra coisa. Acho. Hahaha.
*
China Girl Viajante! Miss you!!!
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Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaai, tanta coisa para ler, ouvir, comer, saber...eu preciso de mais uma vida, decididamente. Saco.
*
O bom da Itália é o mar do Sul e a limpeza do Norte. Fora isso, Napoli é uma India que fala italiano. Socorro!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

londra, parigi e paradiso



Vista do meu humilde apê. hahaha.


Eu agora moro, estudo e trabalho onde você, pessoa chiquérrima, passa as suas milionárias férias. Nada mais, nada menos do que Amalfi. Nada mais,nada menos, que aula amanhã de cinema com Fernando Meireles. Ai ai..essa vida me cansa...mas eu mereço tanto este cansaço!!!
*
Um giro por Paris e Londres com a Viajante mais amada do meu mundo giratório. Um dia a gente vai parar? Pode ser que sim, pode ser que não. Mas eu te prometi que eu não ia pensar e, então, vou deixar acontecer. E escreve aí: Istambul é nóoooooois!
ADOREI a nossa viagem, cada minuto, cada risada, cada momento Visa e Mastercard.
*
E era isso, por enquanto.
*
Ps.: que meu cunhas não esqueça daquele assunto arábico heim? hahaha. ;)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sempre em frente

Ill never forget you, Principessa!
*
Maria Cusmai às 00:45 do dia 03 de julho:
Domattina nessuno mi sveglierai... Leia maisà con"Buongiorno principessa" e qsto mi sconforta più di qnt avrei potuto immaginare per una persona che conosco da7mesi,ma sarei molto più triste se nn t avessi mai incontrata.Sveglie fino alle6del mattino,alcool,parolaccie in tutti i dialetti italiani,infinite risate,i nostri viaggi della domenica,il gelato ma io ti ricorderò x sempre come tra le poke DONNE fin ora incontrate.
L'intelligenza della tua femminilità e la passionalità della tua determinazione ti renderanno quella che sei,che molti disincantati cercheranno e che pochi,i migliori,capiranno.
Tu seiLIBERA. Ma non importi di esserlo sempre xk se un gg ti sentirai dipendere da qualcuno forse ti sentirai ancorà più libera.Ci vedrem in Puglia,Ravello,Milano,Brasile e magari,se io potessi,sceglierei nella mia2vita TE per la mia India.TU ne capiresti il valore.Non prestare i tuoi occhi a nessuno xguardare la tua vita!
OraNn devi ricominciare ma solo Continuare!

TI VOGLIO BENE COL CUORE!
*
Fabi,
A vida é uma página em branco, podemos preenchê-la com o que aprendemos na escola, o que nossos pais nos ensinaram, repetir o que todos fazem ou podemos pensar por nós mesmos e criarmos; então eu vou criar:
As experiências que nos são proporcionadas, as pessoas que nos acompanham pela vida, tanto as boas como as más, são resultado dos nossos méritos e do nosso carma, elas chegam a nós pois tem muito a nos ensinar, são especiais.
Temos que aproveitar ao máximo, porém, não devemos nos apegar a elas, nem às coisas, nem às pessoas, nem aos sentimentos, todos são transitórios, surgem e somem.
O foco da experiência deve ser no aprendizado, no conhecimento, na sabedoria, são aquisições que vão nos acompanhar pra sempre e serão a base da nossa transformação para nos tornarmos seres melhores, com mais discernimento para enxergar a realidade.
Grande beijo,
Jorge
*
É dif´cil dizer adeus, sim, sempre é. Mas quando se parte a gente leva as pessoas que a gente ama com a gente. Por isso, não há tristeza hoje, só a alegria de ter encontrado pessoas especiais que terão um lugar eterno na minha lembrança.
*
Sentirei muitas saudades.

terça-feira, 30 de junho de 2009

casarmentho

Sim, eu ia quase esquecendo, depois de ler o artigo da CMillet veio um tilt neuronal, que eu quero trabalhar na minha vida de hoje em diante (se eu tiver tempo hábil...hahaha)
*
Amo Helen Fischer, e quando a conheci eu era jovem e ignorante demais para compreendê-la. Achava que amor era amor e sexo era sexo e casar era o máximo de uma relação a dois. Outra mulher que mudou meu modo de pensar sobre tudo isso foi a brazuca Regina Lins, e lembro o quanto eu me escandalizava quando a ouvia falar de poliamor!
Mas É assim. Não sei se para o resto do planeta, mas para mim vai ser. Não é culpa do meu Urano (que também pode significar bissexualidade, uma outra coisa que não vejo mais com olhos pecaminosos) mas 'culpa' da minha cabeça arejada e experimentada mesmo.
Olhando para trás, eu nunca tive sonhos de vestido e grinalda e muito menos de casar. Eu casei porque acontecia. Sério, muito sério. Na primeira, porque encalhou de estar dormindo lá quando a minha irmã ligou e disse: - Ahhh, mas então vocês estão morando juntos? Não adiantou dizer que não, que eu não sabia, que o que era isso e etc. Duas horas depois todo mundo me ligava para dar os parabéns. E fiquei por lá mesmo. Quando ele quis casar de verdade e ter filhos e toda aquela coisa, eu entrei em crise e foi aí que eu me separei. E comecei a fazer terapia...hahaha.
No segundo casamento, foi porque todo mundo sabia mas menos eu, que o que ele queria mesmo era um visto. Hahaha. Tolinha né? Mas foi só eu me dar conta que caí fora rapidinho da loucura borderline do sujeito em questão. Ufa! Ah sim, fui fazer terapia também. hahaha.
Mas enfim, depois de todas estas voltas e depois de tantos encontros amorosos, sexuais, amigáveis e punks, dei-me conta de que eu não sou feita pra casar e que eu sou mais libertária do que eu imaginava. E que eu acredito sim, numa poligamia com respeito, numa relação com uma pessoa do mesmo sexo (porque creio que não se deve buscar a pessoa pelo sexo, e sim, pelas características), que transar mesmo sem gostar pode fazer com que a gente se apaixone porque a ocitocina é poderosa (e aqui um grande parêntese: masturbar-se então faz com que tenhamos amor por nós mesmos. Não é uma pergunta, é uma constatação), que eu sou um indivíduo que não está a fim de ser dois, que eu sou completa e que não preciso de ninguém para tapar nenhum buraco, que eu quero é ser feliz na diversidade, e não na unicidade.
*
Como meta, depois desta minha reflexão, vai ser encontrar um meio termo entre o que sou, o que penso e o que faço de forma a não assustar os candidatos que se apresentarem para o posto de amante, amor e namorado. Não necessariamente nesta ordem.
Ah sim, e decidi que não me caso mais. Quero dizer, eu é que vou escolher na próxima vez. hahaha.

colocando a periquita na mesa

Ontem mesmo ao reler meu antigo blog tive a sensação de que se não o tivesse escrito, talvez não tivesse saído da prisão em que eu mesma havia me colocado. Escrever liberta. Amar também. Por isso hoje quando lia a entervista da Catherine Millet, achei muito, muito verdadeira. Certamente um deles, se encontrar aqui nesta terra, irei ler, devorar.
*
Atualmente qual é seu ponto de vista sobre a questão da liberdade sexual? A senhora acredita que seu livro trouxe algo de novo para o debate sobre este tema?
Millet - Acredito que, por definição, a libido ignora todos os constrangimentos, e que é ela que perturba permanentemente os sentimentos e as regras sociais. Mas claro, cada um canaliza essa energia em função de sua própria moral.(...)

A senhora acredita que, atualmente, as mulheres estão mais preparadas para aceitar a ideia do sexo dissociada do amor ou do romantismo?
Millet - Durante os séculos, e ainda hoje em algumas civilizações, as mulheres se casaram com homens que não amavam e com os quais eram obrigadas a "fazer amor". E, frequentemente, para não cometer o pecado do adultério, elas tinham que se contentar com o amor platônico em relação a um amante. Portanto, as mulheres sabem desde sempre que há um fosso entre o amor e o sexo. Essa ideia de que as mulheres não encontrariam o prazer sexual se não fosse em uma relação amorosa é um clichê, uma invenção ideológica para certificar os homens numa época em que as mulheres são, quando muito, muito menos submissas às leis sociais e religiosas do casamento, são muito mais independentes.

A liberdade é algo que parece ser de extrema importância para a senhora. Como conduzi-la com o casamento, descrito tantas vezes como uma prisão?
Millet - Que definição engraçada de casamento! Pode ser que haja pessoas para quem o casamento não é uma prisão. Pode ser que algumas mulheres, por exemplo, tenham escapado de um núcleo familiar que era uma prisão e tenham encontrado maior liberdade no casamento. De minha parte, creio que é preciso em um casamento reconhecer absolutamente a liberdade do outro, o que é a coisa mais difícil de se fazer!

"A Outra Vida de Catherine M." é quase que uma continuação de "A Vida Sexual de Catherine M.". A ideia de escrevê-lo, segundo a senhora, surgiu de uma página do próprio "... Catherine M.', que trata da questão do ciúme. Por que pareceu importante escrever uma obra dedicada ao sofrimento que o ciúme produz?
Millet - Essa é uma forma de chegar ao âmago do meu projeto. O ciúme é um sentimento intrinsecamente ligado à vida sexual. Minha filosofia libertária não me impediu de conhecer esse ciúme. Se eu queria ser honesta, tinha a obrigação de dizer isso.

"A Outra Vida de Catherine M." é também um livro baseado em suas experiências; foi muito difícil escrevê-lo, ou esse processo trouxe uma certa liberdade em relação ao sofrimento e ao ciúme?
Millet - Ah, foi muito mais difícil escrever "A Outra Vida de Catherine M." do que "A Vida Sexual...", porque sou muito mais pudica com meus sentimentos do que com meu corpo. Mas faço parte daquele grupo de autores que, para escrever, devem estar muito libertos daquilo que desejam contar. O tempo verbal que utilizo é sempre o imperfeito. Eu confio muito na escrita terapêutica.

A senhora diria que a contradição é uma das faces mais interessantes do ser humano? Como trabalha com suas próprias contradições?
Millet - Existe uma expressão em francês: "Eu ponho as cartas na mesa". É a única forma de tentar tornar as coisas interessantes. Se você negá-las, elas te devoram. Talvez seja também porque quando você escreve sua vida, ela se torna qualquer coisa da qual você não faz mais parte.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

só se volta quando se vai

Dezembro 29, 2007:
"Só aquele que permanece inteiramente ele próprio pode, com o tempo, permanecer objeto do amor, porque só ele é capaz de simbolizar para o outro a vida, ser sentido como tal." Lou Andreas-Salomé. Eu e minhas mulheres (rs). Apaixonei-me por esta feminista revolucionária - eu e Rilke, Nietzsche, Paul Rée, Tausk e, ao que parece, até mesmo Wagner sucumbiram ao seu encanto e à alegria de viver que transpirava em cada um de seus gestos - e o próprio Freud não parece ter sido indiferente à graça da discípula que ele qualificou de "raio de sol'. E ainda, segundo Luzilá G.Ferreira, em 'Os sentidos da paixão', Lou Andreas-Salomé conseguiu realizar, em seus 76 anos de vida, o que nós todos gostaríamos e deveríamos fazer sempre - e não o fazemos por descaso, indolência, medo: tornar a vida o exercício apaixonado de uma busca. Sua exploração em todos os possíveis. Atentemos ao detalhe para que isso seja possível: Isto que requer a fruição intensa e incessante de coisas e pessoas que nos cercam, de modo que o mundo exterior em nós penetre e a nós se incorpore. Pois a vida, como o dizia Rainer Maria Rilke a propósito de Rodin, "está nas pequenas coisas como nas grandes: no que é apenas visível e no que é imenso".

*
Eu era mais intelectual, honestamente. Ma non me frega niente! hahaha. Hoje estou como eu sempre quis estar: realizando sonhos, que são só meus, e penso que não é mais hora de pensar tanto.Até porque hoje finalizei meu Master. E não pensarei mais nele, até setembro. Serão dois meses de bunda pra cima, prá baixo e pro lado. Hahaha. Vai depender do caso, do local e da companhia. Hahaha.
*
Sexta feira começaremos a nossa jornada viajante, regada a muito chopp quente, hotel com dj residente, locais bizarros e orgias gastronômicas (porque sexuais a gente não está muito a fim...sabe como é...hahaha). Não temos roteiro e se nos perdermos é porque estaremos a fim mesmo.
*
Fui. Posto quando voltar, se voltar. Se não voltar é porque não fui, porque não tem como. É, eu tenho que voltar a fazer oficina com o Charles...hahaha.

domingo, 28 de junho de 2009

Enrosca-te a mim. Sempre.

Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos.
Encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar.
Encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegada da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver, em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei
às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem,
encosta-te a mim.
Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes.
Vizinha de mim,
deixa ser meu o teu quintal,
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como foi.
Eu venho do nada
porque arrasei o que não quis
em nome da estrada, onde só quero ser feliz.
Enrosca-te a mim,
vai desarmar a flor queimada,
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo, e o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar,
mas quero-te bem.

Encosta-te a mim

Encosta-te a mim

Quero-te bem.

Encosta-te a mim.



http://www.youtube.com/watch?v=Tu9HPz__3ys

sábado, 27 de junho de 2009

karma as avessas

Adorei.
*
Escorpião é o signo do sexo - mais para a sensualidade e um signo voltado ao mistério, cheio de emoções fortes e alguma muita vingança. resumo: persona novela mexicana tórrida intensa.
Quando ele encara a gente ficamos sem graça, porque tem um olhar profundo,intenso, beirando o insano...mas se a pessoa for zarolha, vira motivo de piada.
O problema é esta intensidão. Tudo fica profundo:"Quando tomo água,estou tentando aplacar a secura da minha solidão".
"Quando estou dormindo e ronco, é porque é a única maneira de você me ouvir,porque você não me ouve, Maria".
E escorpião também não esquece nada. Geralmente, no meio daquela transa carnavalesca, quando você está prestes a ter um orgasmo triplo, ele pára e se levanta e você, sem entender, pergunta:-O que houve?-Lembra-se que há dois anos atras , você bateu o telefone na minha cara? Pois bem, agora você me pagou.
E sai para tomar um gole de Fanta.
Agora, uma coisa que eu admiro é o controle emocional destas figuras. Ele pode estar louco de amor, consumindo-se em labaredas internas, mas olha para você e diz:-Você não lavou a louça, sua porca!
É uma sesibilidade pessoal que descobre facilmente seu lado B, tipo aquilo que você tem vergonha mas morre de medo de falar, ele descobre e faz, é gostoso, mas dá medo.
Sei de uma moça casada, que largou marido, carrão, e um bom emprego e foi para a Guiana Francesa atrás de um escorpiano louco que ela fez um sexo rápido em um banheiro de um lava -jato.
Escorpião faz sexo em qualquer lugar e quando quer sexo, vaga pelas noites.
E quando se apaixona, coragem!
Te vigia, te perturba, te persegue, te cerca.
*
E não é que este cara tem razão?
*
Eu me divirto.

terça-feira, 23 de junho de 2009

ma dai!

Tenho uma ligação especial com Maria, a Madalena. Sempre que a encontro, levo um supetão, concreto mesmo. Tenho só que saber interpretar...e geralmente tem que ser com o coração.
*
Lá estávamos no Eremo di Santa Caterina quando um afresco chamou-me a atenção, de três mulheres, estilo renascentista (leia-se fofinhas). Eu fixei na imagem pois ela é realmente muito bela mas deixei para lá, nem comentei, pois não havia identificação, e, ademais, haviam outras coisas mais impressionantes para deleitar-se...(o local é espetacular - lago Maggiore, Varese).
Ok. Chegando em casa, abri o presente que só poderia ser descoberto na minha chegada (porque adultos tem esta mania???)e para minha surpresa lá estava o cartão com a imagem das três mulheres, a qual fui saber então que Madalena, era a mulher central. Para variar. risos.
Eu párei, surpresa, emocionada. Primeiro pela surpresa da escolha, com tantos outros postais que lá vi expostos. Segundo com a mensagem em italiano, escrita numa caligrafia rápida, mas firme, atrás.
E então eu comprendi que eu não posso mais mudar meu destino, que eu não tenho mais como desligar aquele sorriso daqueles lábios e tornar frio aquele calor que se acende porque eu existo. Não tem porque.
*
Tutto é iniziato per caso, ma il caso non sbaglia.(...)
E non ti perderó mai.

*
E eu, tentarei não me perder desta vez.

sweet baby, I need fresh blood ;)


Hoje finaleira do workshop com o papa Morace. Hummm.
Ontem, entrevista com o papa da Domus e planificação da trip crazy travel com Viajante. Hummm.
Domingo, brioche e café americano com calor humano e bom-dia "conchinha". Hummm. Hummm.
Sábado, jantar com trilha sonora de Buena Vista Social Club, Aretha Franklin e banho de chuva bem-acompanhada.Hummm.
Sexta, email de Londres. Hummm.
*
Um dia, o outro, mais um.
A contagem agora só é progressiva. Amém.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Nothing is wrong, I just slip away and I am gone!



I laid me down upon a bank,
Where Love lay sleeping;
I heard among the rushes dank
Weeping, weeping.
Then I went to the heath and the wild,
To the thistles and thorns of the waste;
And they told me how they were beguiled,
Driven out, and compelled to the chaste.
I went to the Garden of Love,
And saw what I never had seen;
A Chapel was built in the midst,
Where I used to play on the green.
And the gates of this Chapel were shut
And "Thou shalt not," writ over the door;
So I turned to the Garden of Love
That so many sweet flowers bore.
And I saw it was filled with graves,
And tombstones where flowers should be;
And priests in black gowns were walking their rounds,
And binding with briars my joys and desires.

*

Agora comecei a me despedir de meu espaço aqui em Milão. Comecei a ver mais coelhos que de costume e acho que é coisa da idade. Ou do vermute do pai da Maria, que é de quem eu vou sentir falta.Dela, fique claro. hahaha.
*
Como serão os nativos de Ravello? Sesquicentenários? hahahahahahaha...

terça-feira, 16 de junho de 2009

metade de mim é saudade, amém.

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada mesmo que distante
Porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância por que metade de mim é a lembrança do que fui.
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor.
E a outra metade também.

domingo, 14 de junho de 2009

carmensitaaaa

http://www.youtube.com/watch?v=Q-ezaxiKe-Y

Si la noche te persigue, entregate a ella o dile que tienes dolor de cabeza! Sombrita de reflejo, dame algo tierno como tu amor y cago el infierno!!!

Amooo!!!

sábado, 13 de junho de 2009

There's no rush were we will go, the past has gone, the pace is slow, infinite!

Meet me on the other side, it's a brand new start to a brand new life, and I'm open, cause we both share the same degree of ecology and philosophy, and I'm open.
The lonely world without a friend can lead the way into depend on. I need someone to wake me up, from the lazy sleep that locks me down, I need you.

You lead me down to the waters edge, let's take a rest on the riverbed! Take your time I'm almost there, I brushed my teeth and combed my hear, one minute!
There's no rush were we will go, the past has gone, the pace is slow, infinite!
Now we need to realize all the things that I devised before now. So put a blindfold on your eyes, I need to feel your sweet surprise, you know how!

Your all that I need, you go ahead!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

You're the Storm, Im the Walrus!

Give me coffe and tv!
*
I will never know, cause you will never show. So, come on and love me now, come on and love me now. Carnival came by my town today, bright lights from giant wheels...fall on the alleyways and I'm here by my door waiting for you! I here sounds of lovers, barrel organs, mothers and I would like to take you down there just to make you mine in a merry-go-round...
*
Buongiorno Fabiana,sono contento che siamo riusciti a trovare una soluzione e che possa partecipare alla scuola, allora, alla fine del corso le verrà rilasciato un diploma di specializzazione in Management Culturale con attestate 300 ore d'aula e 400ore di stage. Volevo comunicarle che tra gli allievi avremo la figlia del giornalista Roberto D'Avila che frequenterà la scuola, quindi un'altra brasiliana che rricchiesce il tutto. Resto a sua disposizione per ulteriori chiarimenti. Ci aggiorniamo a breve.

hahahahahahahahahaha. No comments. Eu ganhei não só o estágio, como eu pensava, mas também um curso de especialização. E o estágio pronto. E férias na Costa Amalfitana.
*
Eu joguei pedra na cruz, sim, junto com super bonder. Mas veio o Mister Musculo Hidraúlico Laranja do Esselunga e derreteu todos os pregos. E mandou todas as carpideiras pra puta que pariu.
*
Na vot c'camp, já disse Mari. Arrivederci Milano!!! Hellooo Roma!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Now, and forever!

O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou!
*
Era 2000 e poucos (não lembro quando...hahah...faz tanto tempo)e caiu na minha estante literária o livro do DDM intitulado Emoção e a Regra. E depois todos dele, que tratam sobre o meu tema: Criatividade.E fui seguindo ele, primeiro indicando aos meus alunos e depois usando com tema de algumas palestras que eu fiz, com o link da indústria moveleira.
Eu esperava um dia poder encontrá-lo para um bate-papo, ou palestra. Vá lá. É
Foi assim com o Charles Watson também. Um dia o convite caiu nas minhas mãos e eu disse que um dia o faria (e juro que não sabia bem o que estava fazendo lá em Botafogo quando cheguei) e foi assim com o Charles Kiefer.
E com o mestrado que estou fazendo em Milão. Milão dud! Milão...Eu tinha 18 anos quando sonhei isso!!!
*
Eu tenho que deixar de ser cabeça dura e escutar o que o Universo está me dizendo, pelas linhas mais tortas possíveis e mais assustadoras internamente.
*
Eu escrevi dizendo obrigada, mas eu não tenho grana para bancar o curso. Ele disse que me dava a bolsa. Eu escrevi dizendo que eu estaria fora de férias de 3 a 12 de julho. Ele disse que me esperaria até o dia 12, sem problemas. Eu disse que não era a minha área, porque eu não sabia mais como declinar esta oferta generosa. Ele disse que não era para mim me preocupar com isso, porque depois do curso ele me acolheria como pesquisadora.
Eu chorei, porque eu choro por tudo mesmo quando a razão me golpeia no coração. Eu não acreditei. Eu penso nisso e fico sem saber onde tudo isso vai dar.
Eu tenho medo, mas é um medo bom desta vez, porque misturado com uma sensação de bênção, de acolhimento, de certeza de uma realização maior do que eu vim buscar.
E eu só vim realizar um sonho antigo, só isso...
*
Não tenho mais saudades de mim mesma. Eu estou aqui.E nunca mais vou me perder.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

parole giuste?

Guarda, devo dirti qualcosa. Non so perché non te l'abbia detto al ritorno della passeggiata e invece, che siocco, te lo stia scrivendo ora. Stanotte sarò arrabiata con me stessa per averlo fatto. Tu me riderai in faccia...mi indicherai la porta e penserá che sto mentendo. Aviccinati, allora. Stringimi. Forse, le parole giuste per parlarti d'amore sono qui nel tuo abbraccio.
Lasciami stare adesso...Ci vediamo, un giorno. O no.
*
Esta sou eu, como sempre. Pensei muito e quando penso não faço. Mudo de idéia com o avanço da onda que pode me tragar para uma prisão de corais. O que fazer se preciso da minha liberdade como da água, do sol e do ar? Catzo, porque nesta hora de partida vem a chegada? Que mensagem decifrar a não ser que tenho que acertar-me com o técnico do meu timming universal?
Devaneios...
Devaneios...
Coisas do coração que invadem o meu dia-dia já tão organizado, com passagens compradas, hotéis prenotados, apartamento quase alugado e um futuro presente...Catzo.
*
Mas eu me decidi já, muito antes de Tudo. Triste, eu sei, e sei que daqui alguns anos eu vou olhar para trás e talvez me arrepender de não o ter convidado para dançar a minha música interna. Mas se eu der o primeiro passo para estes braços que estão abertos, para este coração que pula quando me vê, depois eu é que estarei partida ao meio.
*
Adeus. Que bonita esta palavra para esta hora... A- Deus.

...mani non-pulite, e outras Coisas...



"No tengo ningún miedo. Son fotos inocentes, no hay ningún escándalo, pero se trata de una violación inaceptable de la privacidad y una agresión escandalosa".
Palavras do Papi. Ui. Essa daí é tão inocente que vou imprimir e levar pro Bento benzer...
*
Estou puta da vida, de verdade. Tão puta que minha testa ferve.
*
Desde ontem que eu estava controlando as eleições aqui, para ver se esta polentada iria optar pela libertação ou pela manutenção da Coisa. 67% deles foram votar. Em quem? 35% dos polenteiros votaram no PDL, leia-se A Coisa.
Ma, che cos'é a Coisa? Saramago, mais uma vez brilhante, definiu bem:

Una cosa peligrosamente parecida a un ser humano, una cosa que da fiestas, organiza orgías y manda en un país llamado Italia. Esta cosa, esta enfermedad, este virus amenaza con ser la causa de la muerte moral del país de Verdi si un vómito profundo no consigue arrancarlo de la conciencia de los italianos antes de que el veneno acabe corroyéndole las venas y destrozando el corazón de una de las más ricas culturas europeas. Los valores básicos de la convivencia humana son pisoteados todos los días por las patas viscosas de la cosa Berlusconi que, entre sus múltiples talentos, tiene una habilidad funambulesca para abusar de las palabras, pervirtiéndoles la intención y el sentido, como en el caso del Polo de la Libertad, que así se llama el partido con que asaltó el poder. e ainda Este es el primer ministro italiano, esta es la cosa que el pueblo italiano dos veces ha elegido para que le sirva de modelo, este es el camino de la ruina al que, por arrastramiento, están siendo llevados los valores de libertad y dignidad que impregnaron la música de Verdi y la acción política de Garibaldi, esos que hicieron de la Italia del siglo XIX, durante la lucha por la unificación, una guía espiritual de Europa y de los europeos. Es esto lo que la cosa Berlusconi quiere lanzar al cubo de la basura de la Historia. ¿Lo acabarán permitiendo los italianos?

Este é o Capo ou Il Cavalieri que só vence, todo mundo sabe, porque não tem oposição. Ou porque metade da Itália trabalha para ele e a outra metade o deseja. O mesmo que enche a sua casa de praia com menores de idade que almejam (como todas as italians que conhecço, infelizmente) a serem...estrelas de tv. Não, médicas, administradoras ou escritoras, como seria de se esperar (?) aqui nesta terra 'cultural'. Eu posso esperar isso do meu país, mas deles? Tão aristocráticos?
Como este povo caiu nessa lorota? Isso não importa mais, porque a pergunta é: como eles mantém essa coisa funcionando? Como vivem, acordam, trabalham e dormem com esse barulho todo?
*
Eu, aqui, cansei. Estava tentando ser mais simpática, juro que eu até estava dando bom dia pro porteiro do prédio, falando com o motorista do buzum. Estas coisas gentis que no Brasil são meu dia-dia. Cansei. Enchi os tubos dessa mulherada ignorante e metida a diva que teima em usar a alça do sutiã aparecendo como se isso fosse bonito. Que não toma banho todo dia (não toma e eu afirmo e assino em cartório e publico no jornal e nenhuma delas vai me processar), que acha que o cara mais cool do mundo é o drogado/pervertido Lapo (leia-se Fiat), que crê que não precisa saber mais nenhuma língua do mundo e taaantas outras coisas que cansei...risos.

Itália é linda para turismo, e isso eu não reclamo. Mas esta do Berlusconi definitivamente, foi a gota d'água para mim.

sábado, 6 de junho de 2009

eu não te ignoro, só estou comigo mesma...


Being alone is suspect.
People tend to worry about you when you spend what they consider to be too much time alone. Something must be wrong with you if you're not in the company of others more than being alone.
Personally, I enjoy being alone and sometimes I go to the movies alone, eat in restaurants alone, wander museums and spend a lot of time in my room alone. I tend to prefer it to what I experience as stressful chatter among people. Anne Morrow Lindbergh observed, "What a commentary on civilization, when being alone is being suspect; when one has to apologize for it, make excuses, hide the fact that one practices it - like a secret vice."
My solitude is even portable. I have developed this enveloping "bubble" that I wear when out in public so that even when someone speaks to me they often have to say, "Helllooo, I'm talking to you," to snap me out of it. So if you see me in the grocery store and I act like I'm ignoring you, I'm not. Well, I am, but not on purpose.
Feel free to come right up to me and wave your hand across my face as it's probably the only way I will notice your presence.

*
Não fui eu que escrevi, mas é como se tivesse sido.
*
É, life in mars, quem sabe lá eu não tenha que pensar tanto.
Ontem foi uma noite maravilhosa, como no princípio de Tudo, há muitas eras atrás. A fissura de um primeiro encontro é incomparável, nem um orgasmo pode ser melhor do que desbravar um novo conhecer. Porém, já veio a minha partida, e mais uma vez eu tenho que dizer adeus. Quando é que eu vou poder dizer um simples - Oi, vim para ficar?
Sei lá, felicidade insólita essa. De vir, de ir, de não saber para onde ir gozar meu tempo sabático, porque posso ter qualquer direção.
Ás vezes é bom não ter para onde ir. Mas nada posso fazer, porque esta é a minha Natureza...uma eterna Demanda.
*
Cinema hoje, com dublagem em italiano. Vou rir á beça.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

nunca estamos sós...





Gênova é bonitinha, um mix de Rio com Curitiba e uma pitada de Vitória. Mas com os morros de Bento mesmo. Um must! E um must mesmo foi perder a carteira com os dois cartões de crédito, carteira sanitária recém-chegada, carteirinha dos Albergues da Juventude Italiana recém-comprada e alguns pilas. Alguuuns pilas digamos. Ah, sim, e o bilhete de retorno para casa, recém-comprado...MEERRRRDDAAA!
*
Quando dei-me por conta, era tarde demais. O coração ficou aos pulos e a cabeça cheia de temores. Como farei para voltar para casa? E comer? E beber? E agora? Detalhe: meu celular ficou em casa..

Sentei no meio fio e comecei a olhar para o céu, não desesperei, não chorei, confiei na providência. Cagada, sim, mas confiante. Não sou crente e deus anda meio esquecido no meu devaneio racionalista, mas eu conversei com a Maria, a mesma mulher a qual eu fui pedir proteção lá na igrejinha perdida no centrão de Floripa. E ela me atendeu rapidinho, na visão de dois policiais. Dois Antônios.
Relatei o ocorrido, no meu macarrônico italiano espanhólico brazuca, e os dois me guiaram para fazer a ocorrência. E eu soube que eu estava bem emocionalmente e psicologicamente quando em meio ao caos eu ainda consegui achar graça da situação e tirei uma lasquinha. No caso foi uma lascona do policial bonitézimo ao qual relatei o ocorrido...Que vem de Elba, não é casado, eventualmente vem a Milano e tem lindos olhos azuis e uma pele meio tostadinha. Fofo.
Mas, voltando ao assunto principal, ficou a lição de que o mundo não está perdido ainda. Fui guiada por eles a solucionar todos os problemas, de uma forma respeitosa e de guarida mesmo. Me senti protegida, amparada de verdade.

No hotel, onde eu já havia dado entrada pela manhã, recebi um prato de pasta, uma coca light e uma maçã, para o lanche da noite. Na manhã seguinte o café da manhã e mais 2 euros para pagar o buzum e chegar na estação. Sem perguntas, na confiança em mim. Para retornar, fui informada de que no trem era só apresentar o passaporte juntamente com a declaração da polícia que o fiscal faria um bilhete a pagar depois.
Não era verdade, o fato é que se você viaja sem bilhete, não importa o motivo, é multa na certa, e neste caso, de salgados 209 euros. Mas a Maria de novo intercedeu e o fiscal me olhou com uma carinha de pena tão grande, dizendo: Fica tranquila, desta vez vou fingir que não vi.
E eu comecei a chorar depois que ele foi embora, de emoção, de verdade. Eu que sou sempre tão dona de mim, precisei ter a humildade de pedir dinheiro para comer, veja só. Precisei de humildade para reconhecer que eu não podia fazer nada, nada mesmo. E na minha entrega eu fui amparada.
*
Que me sirva de lição para os próximos capítulos.
*
Somos aranhas em uma teia.