segunda-feira, 27 de outubro de 2008

rosa, não pink!

Los Hermanos! Hummm...Três coisas que eu amo no café da manhã castelhano: brioches quentinhos recheados de pessegada com queijo (a nossa versão da goiabada), Dulce de Leche Conaprole e café com gosto de recém passado mesmo.
E outra coisa que eu não resisti...desculpa Jorge!!! risos... No almoço eu pedi um filé mugindo, duns cinco centímetros de espessura, acompanhado por um cálice de tannat da Pisano (que delícia!).
Lembrei que quando o PH ainda dormia no corpinho da Adri fomos eu, a mãe, o Beto e ela para estes pagos. É uma linda lembrança que resgatei nesta nossa última viagem - do ano, porque voltarei...Gosto muito destes nossos prados e de ouvir o castelhano pelas ruas fluindo misturado com um português ali, outro aqui.

Meu pretinho básico se-foi-se hoje. Snif. Sentirei saudades de meu querido corcel negro quase alado. E a ficha da ida começou a tilintar sorrateiramente mais forte depois que vi o dindim na conta. Falando nisso, beinto tem uma grande qualidade a seu favor: os garagistas te respeitam muito e são muito mais honestos do que aqui em Poa. Palavra lá ainda é palavra.

A Dharma aprendeu que só pode ficar no parapeito. A não ser que aprenda a voar...

Eita solzão heim?

Mãe! Traz meu Toddy que eu quero nanar?

Sociopata narcisista = Vazio. Raiva. Busca constante de prazer e drama para se sentir vivo. Nenhuma empatia, nenhum sentimento sincero. Frio, calculista e capaz de projetar situações maléficas aos demais apenas para seu ganho/gozo particular.
Alguém já se cruzou com um tipo destes? Eu não, imagina! Risos...
Perdoar não é esquecer, dizer faça de novo. A raiva do não-perdão é necessária, o ódio também. Mas depois de um tempo passa, porque deve ser assim, mas apenas porque nós temos que viver livres, curados da malatia. Para que possamos recomeçar zerados e mais espertos.
É. A teoria é legal, mas a prática é melhor ainda...
Eu adoro a Oprah! Risos. Lembrei destas coisas pois assisti o programa do doido que matou a mãe e o irmão para obter o prêmio do seguro. O pai o perdoou. Que magnânimo, porque não sei se eu teria esta mesma coragem. Acho que eu iria lá e quebraria a cara dele.
Isso não é nada budista...risos.
*
Buenas, caramba! Tanta coisa rolando dentro do caminhão!
*
Bah, esta eu não vou contar porque é a coisa mais particular que poderia ter acontecido. Sério.
Só adianto que tem a ver com a equação: email Luísa + Santa Teresa + Rosas + Ritrovo + Aníver da Nina quarta passada = Milagre solicitado e atendido.
Eu ainda estou pensando se pode ser coincidência ou sinal.
O tempo dirá mas, via das dúvidas, farei o prometido.
*
Que mais? Deixa ver...Ah sim! Comemorei a venda do carro com sushi, queijo grana padano e ades mix de frutas. geladérrimo. Estou á base de chá de boldo até este momento...risos. Quem mandou ser glutona?
*
Eu mereço ser feliz porque eu me esforcei.
E você?

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A lua vista do apartamento do Barni/Nina é tão linda quanto a própria vista...
Posted by Picasa

ciabatta é sempre ciabatta!

Saí da aula de italiano e fiquei para almoçar no meu vegan de sempre. Já sentada com meu pratão de rúcula e alface, como diria Denise, vejo uma moça sentar-se apressadamente, sacar um celular e entre uma garfada, uma temperada e uma pitada de sal, comer, falar e gesticular. Parecia Shiva num terreiro de umbanda! A achei estranha já ainda no buffet, quando ela não se servia, mas despejava a comida no prato.
Eu não sei o resto do mundo, mas eu tenho alta consideração pela comida, no sentido religioso mesmo da coisa. A comida que me nutre é uma bênção sim, independente do credo que eu professo ou não, porque é a vitamina, o mineral, a fibra e os demais nutrientes que me sustentam, nutrem e me deixam saudável. Por esta razão, sou delicada desde a folha de alface até o grão do feijão: os coloco devagarito no meu prato, ajeitando aqui e ali para que eu tenha uma sinfonia de cores, sabores e formas. Nada neurótico não, apenas tranqüilo, como toda refeição deveria ser.
Bem, voltando... Até aí, tudo muito subjetivo, porque eu estava julgando a pobre menina com base no meu jeito de ser. Pois bem, entra o que deveria ser o marido dela, poque se não dela é de outra, devido a aliança. Eu pensei, que legal, conseguiram tempo para almoçar juntos (eu lá, autora e audiência calada desta rápida novela). Casal bacana este, heim? Ele disse oi, pegou o suco, o prato e começou a fazer um monte Vesúvio. Ao terminar, dirigiu-se a ela, disse oi de novo e sentou-se. Não se beijaram! Não disseram eu te amo! Que saudades! Que bom que você veio. Nada. Nem um único sorriso de contentamento pela presença do outro.
Aí ela começou a desfiar um rosário de reclamações, desde o porteiro que estava de férias no prédio onde ela trabalhava até a manicure que não sabia que ela gostava mais da cor tomate do que da fucsia. Ele mudo, só consentia e tentava comer aquela massaroca de coisas.
Ao fim, o carinho derradeiro: - Bem (acho que pode ser de benzinho, mas também pode ser apenas um introdutivo), você pode pegar a tia na rodoviária final de tarde e levar lá para casa? Eu tenho academia as sete.
Ele disse sim. E tomou mais um gole de suco de manga. Sem açúcar, porque a vida dele deve ser doce demais já.
*
Eu me perguntei: isso é casamento? Isso é relação?
Livre-me desse mal, amém.
*
Pois bem, eis que chego em casa e minha amigona no msn vem com uma bomba: o namorido dela a traía há cinco meses com uma fulana lá das alvoradas. Eu me estourei de rir, primeiro. Depois eu fiquei com raiva do cara e após, com grande compaixão da minha queridona, porque ela não merecia esse traste! Sorte a dela que ela o havia dispensado duas semanas antes de descobrir, o que não ameniza em muito a decepção, mas ao menos não vai precisar mandar oficial de justiça para despejar o vermis nullus da própria casa. Que sorte!
O que eu acho bem interessante, depois de refletir sobre estas duas estórias é que desde o primeiro peido do primeiro homem as coisas nas relações não mudaram muito. Nada, apenas os personagens e os números de celular...
O homem trai a mulher com a amante. Quando a amante se sente ameaçada porque sabe que ele vai realmente ficar com a mulher (e a grande verdade é esta meninas, eles nunca deixam a mulher, é ela que dá o pé na bunda!), ela liga, manda foto, email ou sinal de fumaça para a Positiva Operante ‘avisando’ que eles estão juntos. Daí a P.O. se não o quiser mais (se for inteligente) o dispensa - pode levar um tempo de maturação, mas acontece. Mas a amante (se for inteligente) também não vai mais querer ele, porque foi traída pela P.O. (como é que eu, amante, posso ser traída pela P.O. é algo digno de psicoterapia 5x por semana, mas tudo bem...).
Se eu fosse o cara, eu usava o Plano C (B ele já tinha): outra amante!!! Que de preferência não soubesse da Amante 1, só da P.O.
Pensando bem, isso não é invenção recente. Nem minha! Hahaha.
O que chamou-me atenção neste caso também foi o modus operandi do cara: o caso da ciumeira desmedida (projeção), do controle excessivo (baixa auto-estima), da violência contida e da sexualidade exacerbada, que no caso dele chegava aos extremos, e a péssima relação com o feminino materno/familiar. Como os sinais são claros!
Claro que vemos isso de fora, e por isso não devemos nos punir. E isso é que eu falo para ela agora sem parar, porque neste momento vêm os flashes, as eurekas, do tipo 'agora eu sei porque ele fazia isso e dizia aquilo e isso acontecia'.
Não adianta. Inês é morta quando usamos as lentes cor-de rosa da necessidade e da carência. Por mais que a família, os amigos e os parceiros de trabalho vejam que algo está errado porque é errado, não adianta - eu, os demais amigos e a família dela víamos o sujeito como ele era: arrogante, parco em inteligência, baixo nível social, rude, poucos amigos, controlador, ciumento.
-Ah, mas porque ninguém me falou? Porque, adiantaria? Não, nem para mim, nem para ela, nem para qualquer mulher deste planeta. Até porque hoje eu creio que quem nos quer bem, tem o seguinte raciocínio (e é o meu): - Bem, o cara é um traste, e isso e aquilo, MAS por alguma razão que não me compete (beleza, sexo, necessidade social, etc) ela quer ficar com ele. Vamos lá, vai dar merda, eu e a torcida inteira do inter sabemos. MAS, assim que ela sinalizar ajuda para se livrar deste câncer, eu estarei lá e farei tudo o que for possível para afastá-la disso.
A gente tem que viver, infelizmente, no casulo do monstro por um tempo para ver a borboleta criar asas e voar, não adianta!
Internamente o que importa é identificar o processo interno que nos leva a aceitar isso e mudar a atitude.
Não quer dizer também que ficaremos livres dos ciabattis. Eles continuarão a bater na nossa porta, porque a luz atrai moscas. Então, vou querer um por um dia, outro para uma noite somente, se eu quiser. Será uma escolha! Mas como eu saberei que é um ciabatto, então estaremos quites, e eu protegida. E também, coitados, para algumas coisas eles servem bem, afinal, sempre teremos óleo para trocar e quadros para pendurar.
Mas ele nunca deverá ocupar seu leito noturno mais do que uma vez, porque como diz meu sábio (e mafioso...risos) pai, se não fazem na entrada, fazem na saída!
Dá-lhe Seu Nilso!!! Hahaha.

sábado, 18 de outubro de 2008

clicks convenientes

Soave sia il vento
Tranquilla sia l'onda
Ed ogni elemento
Benigno risponda
Ai nostri desir
(Soave Sia il Vento, Mozart)

Ouvi-a sem parar, nos 122o kms que percorri de quinta a ontem de noite. Fantasiei o mundo vivendo diariamente com esta trilha sonora. Seria uma delícia! E descobri que rotaciono facinho entre Mozart e Tiesto, pois ambos me levam aonde eu quero ir quando preciso fugir da mesmice das pessoas... Risos...
*
A net é uma palhaçada! Cancelou - sem avisar - os únicos canais do exterior: BBC, Bloombergh, TVE, RAI e acrescentou uma porrada de bobagem. Tudo porque migraram para o sinal digital, que eu não vou comprar. Oras! Ainda bem que manteve Discovery e GNT. Embora a Rai seja péssima, eu estava treinando minha audição, que saco!
*
Piccoli problemi! Coisa bem boa isso.
*
O amor é paciente,
o amor é prestável,
não é invejoso,
não é arrogante nem orgulhoso,
nada faz de inconveniente,
não procura o seu próprio interesse,
não se irrita nem guarda ressentimento.
Não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais passará. As profecias terão o seu fim, o dom das línguas terminará e a ciência vai ser inútil.
Coríntios 13:4-8

Não é lindo isso?
*
O mestrado em gerenciamento do processo criativo forma profissionais que são a ponte entre os seres criativos e os seres pensantes que concretizam estas idéias e, num passo adiante, tem a capacidade de atuar no mercado como o que chamam de cool hunting/talent scouting. Sem querer querendo (brincadeira...) achei meu caminho de novo. Espero que me aceitem em dezembro...só isso. Pois depois, eu prometo me ' encaracalar' naquela universidade e só sair de lá com canudo em dezembro do ano que vem.
Em julho estive na presença carismática de Faith Popcorn, onde pude senti-la bem de perto e ver que aquela energia demonstrada na palestra não era fictícia, ela é luminosa mesmo. Ela é a diretora, junto com Lys Marigold, da BrainReserve, uma empresa que pesquisa e lança tendências pessoais e de negócios. Algo que os meninos da Box aqui de PoA mesmo já fazem com relativo sucesso.
Estes são meus benchmarkings pessoais, e um dia também pretendo ter uma empresa que faça isso. Ou apenas ser consultora, na minha base operativa de Honolulu.

Tem um acrônimo que eu acho fundamental observar enquanto estamos buscando nosso enlightment, ou quando nosso singular DNA é confrontado com uma visão clara e nítido de quem sou e para onde vou, inventado por elas, que chamam de CLICK, onde:
c - de coragem
l - liberação
i - insight
c - compromisso
k - know-how

As estórias relatadas sobre pessoas que observaram este processo na caminhada são tantas que eu não poderia resumir, mas algo que eu identifiquei-me de sobremaneira é que existem, de fato, lugares click. Segundo elas, há sim lugares no mundo onde seu Eu pode ser finalmente quem Ele é. Os exemplos de novo são centenas, e eu experimentei isso desde cedo, quando percebi que beinto era só meu lugar âncora. Não é a toa que eu nunca trabalhei na minha cidade natal, eu sempre achava que o pote de ouro da minha realização não estaria lá, trabalhando na fábrica de móveis x ou y (minha colega de faculdade está lá até hoje, provavelmente ganhando o mesmo, se conheço a farinada, e na mesma mesinha cubicular...). Atuei em SP, Rio, Lima, PoA, High Point, Curitiba, Manaus, Acre, Mato Grosso, Brasília, Vitória. Ruim né? Risos. Mas jé estive chateada com esta questão, e este sentimento aumentava a vontade de sair de lá e a consequente animosidade que eu fui sentindo pelos nativos e natantes (risos). Efeito repelente inconsciente, se é que me entende. Hoje não me arrependo e já fiz as pazes, e na verdade nunca me arrependi mas eu sempre quis saber porque, afinal, sempre fui amada e cuidada por lá. Mas aí a mãe me brindou com uma revelaçao bombástica: antes e durante a minha gestação ela estava querendo se mudar com a família para cá. Eu me pergunto se pode ser por isso que eu quero o mundo e sempre quis mudança. Eu acho que psicanaliticamente pode ser sim. Ué? Freud explica tudo, não é? risos.
De fato não é só isso. Eu sempre tive um desejo forte de correr pelo mundão e isso se refletiu nas escolhas que eu fiz, desde o início da minha vida profissional. Uma coisa leva a outra e então...

Voltando ao meu futuro, o que as meninas e os meninos fazem é tri-legal: entrevistam mais de 10 mil pessoas por ano, local e globalmente, sobre quarenta categorias de produtos diferentes (!!!), lêem mais de 550 publicações todos os meses em diversas línguas, olham mais de 1950 sites top ten em todos os países, vão ao cinema/teatro/mostras/concertos, ouvem as músicas mais tocadas nas paradas, acompanham a lista de best-sellers e por aí vai. Mas o mais demais: viajam por todo o planeta, procurando por novas lojas, novos produtos e novos conceitos, realizando brain jams. Quer trabalho mais delicioso? Eu já faço isso para meu consumo próprio, imagina ganhar uns pilas com esta função. Bah, bom demais da conta!

Quem me viu hoje, vai ver daqui a quatro anos. É só isso que eu preciso, tempo e dedicação. Eu tenho ambos de sobra e se não tiver, ah! plano B, C e D. Posso comprar um bilhete premiado ou ir querer ser voluntária da cruz vermelha neste meio-tempo. Tudo é possível, porque eu não me perco mais!

Um fato que me veio a mente é que eles não previram esta catástrofe mundial financeira. Ou sabiam (porque até quem assiste a Oprah estava cheirando quebradeira nos Eua) mas obviamente por razões patrióticas ou semióticas decidiram não antecipar. Tendência antecipada de crash não seria muuuito inteligente...Seria o que chamam de Fulfilled Prophecy.
Estudar a cultura torna-nos fluentes para localizarmos estes indicadores antecipados, estes sinais de mudança. Então capitalizá-los é o negócio. Crises naturais ou pela mão do homu nadus inteligentus provocam pequenas alterações mas mesmo estas ocorrências imprevistas não geram mudanças tão arrebatadoras. Lembrei do primeiro livro delas editado no Brasil, de 97, que antecipou todas as tendências que foram cumpridas até 2007, mesmo com o ataque terrorista as torres gêmeas em 2001. Inclusive foram reforçadas.
O que me leva a crer que então as tendências para os próximos anos, segundo o caderno de trends 2008 divulgado no evento que fui, serão cumpridas novamente á risca, mesmo com esta flutuação cambial e quebradeira.
Só posso dizer: haja coração, porque para mim será estar no lugar certo, na hora certa, fazendo a coisa muito certa.
*
A vida não começa mais aos quarenta.
Amanhã não é o primeiro dia do resto de nossa vidas.
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Shaft!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

si hay eparema no hay problema!

Que meda! Recebi um email que dizia que ontem uma enorme nave espacial ia visitar a Terra.
Eu não vi nada, se alguém viu que me avise por favor.
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Eu amo a minha TPM. Só ela tem o poder de colocar no mesmo prato, as nove da noite, lasagna, batata frita com ketchup e mostarda, bolinho de arroz e, sobremesa das sobremesas, negrinho. Sem culpas. Uma vez por mês eu como tudo que eu queria ter comido, claro que em porções microscópicas e degusto como se fosse um orgasmo.
Uma pena não ter encontrado ovo frito. Um destes em cima de uma porção cremosa de purê de batatas com caldo de feijão é o paraíso na terra. Quando pequena, eu brincava de vulcão, o molho vermelho encorpado que a mãe fazia era a lava derretendo, saindo do cone de batata e inundando o prato. Não me lembro de brócolis serem árvores aquela época, mas eu acho que tinha uma alface ali e outra aqui. Bons tempos.
Se eu tive aula de etiqueta gastronômica não me lembro.
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Porque nem só de coçar a perereca a minha alma tem vivido.
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Passa a matita. Hahaha.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

beija-flor não gosta de flores mortas...

hahaha! Estou aprendendo italiano...ma che cosa!!!
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Eu achava a Itália o fim, dizia que se fosse boa meus bisavós tinham ficado por lá e eu vinha com o blábláblu que não ia tirar o passaporto porque (e batia no peito) eu sou é brasileira. Tsc tsc tsc.
Ainda bem que eu sou flexível comigo mesma. Livre-me de ser uma rocha fincada num precipício! Estou mais para areia movediça, capisce?Porque é tu, se fosse Lei seria capisci. Risos..
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A ragazza aí é o clone italiano (voz e físico) vaticanus da Amy Vinhorosa: www.giusyferreri.com.
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Leio muito sobre economia, adoro os jargões e acho que é um assunto muito interessante pois lida com o aspecto instintual do homem, na mesma medida do racional. A bolsa é irracional, o que nos faz apostar aqui ou ali tem muito do aspecto intuitivo, claro, numa medida analítica, se é que este mix funciona (para mim ao menos sim...). E pensei semana passada porque as bolsas mundiais não pararam de funcionar? Ficassem em recesso até a coisa girar. Porque não? Fora isso, não perdi NADA na bolsa. Só ganhei. A polenteira aqui tá ficando esperta!
Aí pensei com meus botôes: vou apostar minhas fichas no gráfico da semana passada.
Quem sabe nem vou precisar trabalhar pelos próximos cinco anos? Hummm...
Voltaremos.
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33 anos. Que virada. Dos trinta aos trinta e dois um rotoruter (hahaha) passou pela minha vida e, como todo mecanismo de limpeza sanitária, levou toda a merda para o esgoto. Virará adubo segundo o Kiefer, mas eu tenho minhas dúvidas, porque o teor de cianureto era muito alto. Bem, veneno sempre é veneno...e tem suas utilidades também, nem que seja de contaminar outros solos para que eles se depurem...hummm..
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Falta de assunto é ruim né?
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Eu estou assim também. Piso em nuvens e não quero pensar em muita coisas, estou numa fase mais sensorial, brandamente luminosa e feliz. Ouvindo muita música italiana (até que tem coisa boa sim!) e parlando moltissimo.
Estou amando o processo, pois não estou descobrindo, estou desencavando pilhas de palavras, sons e momentos de minha infância. Domingo mesmo eu e o pai falamos algumas coisas em dialeto vêneto, á mesa, acompanhados de um cálice de vinho branco, Malvasia e uma deliciosa lasagna peparada com muito carinho pela mãe (que não cozinha mais, então, é realmente um presente). Eu gosto destes momentos, são os que ficam na nossa memória. Não adianta, afeto de italiano é demonstrado de forma calórica, eu mesma sou assim e não sabia: adoro ver meus amigos comendo, repetindo o prato quando faço algo que eu coloquei minha´alma. Amor não rima com magreza, definitivamente.
Quem ama e é amado bordinha de catupiry tem!!!
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Eu tenho vontade de gritar: me anestesia, me congela! Eu estou feliz. Como nunca.
Ir não é deixar, quem confunde isso não vai nunca. Queria que todo mundo fosse comigo nesta viagem. Na Viagem. Quinta, antes de sair para festejar, o pai me ligou para dar os parabéns - nunca havia feito isso, eu até estranhei. E dissemos que nos amamos, assim, como se diz oi. Pode parecer simplório, mas não para nós. Eu fiquei tão emocionada e feliz que deixei as lágrimas correrem e mancharem meu rosto que já tinha sombra, rímel, lápis e base. Afeto em gestos e palavras vale muito para quem não consegue dar fisicalidade ao sentimento e então este é o noso jeito de nos amarmos. E está tudo bem, porque eu não preciso de mais nada.
O amor é que move a gente e que nos dá força para encarar os desafios. Esta frase soa piegas, mas só quem quis voar é que entende o quão importante é saber que podemos ir amados, queridos e cuidados de longe. Dá uma alegria e uma segurança incríveis!!!
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Eu ouvi da Helena que ela tinha orgulho de ser minha amiga, ao que Mauro completou que eu era um exemplo de Re-Começar. Que ele sabia que tudo era possível, porque eu tinha provado que sim. Sim, tudo é possível. A gente tem é que ser gente. Tem que querer o outro bem, tem que ser leal, tem que ter fé, tem que andar na linha reta. Isso não te dá lugar no paraíso, mas te faz ser uma pessoa melhor.
Beija-flor não gosta de flores mortas.
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Um ano atrás eu ganhei um bilhete de aniversário que dizia assim:
" te desejo amor. amor-próprio. é o único que nunca vai te deixar."
Eu cheguei aqui porque eu fui atrás de meu amor, que coincidente sou eu mesma.
Obrigada Viajante, foi uma inesquecível lição...
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E como dizia Battisti:

Amarsi un po' è come bere, più facile è respirare.
Basta guardarsi e poi avvicinarsi un po' e non lasciarsi mai impaurire no.
Amarsi un po' è un po' fiorire aiuta sai a non morire.
Senza nascondersi manifestandosi si può eludere la solitudine, però volersi bene no partecipare é difficile quasi come volare.
Ma quanti ostacoli e sofferenze e poi sconforti e lacrime per diventare noi veramente noi uniti
indivisibili vicini ma irraggiungibili.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Kuchenfrau! Prosit!



Hahaha.
Eu sou uma mulher de sorte!
Quer dizer, se eu tivesse sorte mesmo estaria fazendo 31, não 33 ...hahaha.
Idade de Cristo, putz. Serei crucificada de novo? Ou está na hora de descer da cruz?
Sei lá, nem me interessa saber.
*
Mulher Bolo, valeu Ninoca!
*
Tenho tanto a falar, mas tanto mais a coçar que nem irei começar.
Ai que preguiça!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Della !

Hoje, aniversário da Dona Norma no Clube do Commercio.
Eu sempre me prometo que vai ser a última vez, porque eu acho um saco almoçar com ela. Com todo o respeito, afinal, são 89 anos, mas é um chute na perereca aguentar o mau-humor, as tiradas grosseiras, as piadas sem graça e o jeito que ela cospe os pedaços de galinha. No mais. Você olha e zás! Lá vem voando, em cuspe de rápido movimento, um pedacinho de carne branca recém-tirado do meio dos dentes. E creio que ela não enxerga mais direito, então os terninhos, outrora sempre impecáveis, vivem sujos do caldo da última refeição. Que pode ter sido há um mês ou um ano atrás.
E a disputa entre os filhos? Caramba! Tanta coisa que eles tem para resolver...tanto esqueleto no armário. - Lembra de quando eu tinha treze para catorze anos e o fulano fez isso e ela reagiu assim? Gente, se bobear não lembro o que eu comi ontem, quanto mais a cor do vestido que eu usava quando caí de bicicleta pela primeira vez. Eles precisam depurar e é nestes encontros, catalisados pela maternal senhora, que eles conseguem. Meno male. Ao menos isso. O problema é o gritedo na mesa, mas acho que ninguém liga. Devem pensar que é uma italianada alegre solta na capital...
*
Aí eu lembro o que eu fui fazer lá. Eu fui conhecer estas pessoas que por um azar ou sorte do destino eu chamo de mãe, de tia, de primo e de avó. Eu não me divirto, não, nunca. Volto para casa cheia de gavetas abertas e muitas vezes emputecida. Muitas vezes aliviada.
Eu quero entender quem eu sou e para isso preciso saber de onde vim. É terapêutico, apenas isso. E de quebra mato as saudades dos meus primos, que eu realmente amo, e como os bolinhos de arroz mais deliciosos de porto.
*
E como é fácil juntar as peças quando a gente está no caminho de si mesmo. A gente percebe os movimentos, as manipulações, os segredinhos varridos para debaixo do tapete.
Falamos de meu avô, pela primeira vez. Bem, na verdade foi a primeira vez em 32 anos que eu conversei como adulta com meu tio e descobri que ele é um cara legal. Que fez análise, que teve sonhos como qualquer homem, que queria ter sido aviador. Mas era tão burrinho, segundo a mãe dele e como estava sempre para morrer (havia nascido azul!!! o que seria isso exatamente? próximo aniversário eu descubro), então nunca deixaram ele ser quem ele queria. E valia até meu avô ir ter com o coronel da aeronáutica para desfazer a inscrição dele quando finalmente quis sair da casca - leia-se saia da Normetta. E aí podaram as asas dele para sempre, literalmente. E um dia, o sonhador Ícaro casou-se com a amiga da mãe dele. Freud explica. Ponto final.
Mas não foram só estas asas que se descolaram. Para cada filho, várias penas... E a comparação vem inevitável e fico com raiva. E adoro sentir raiva hoje, porque durante toda a minha vida eu não me permiti sentir. E como é bom. Sou humana. E sereno de novo, porque me permito ser duas, três ou sete no período de uma hora.
*
Um dia eu e Luciana conversamos sobre esta coisa interessante que é a perpetuação de certas neuroses dentro da estória de uma família. Comecei então a traçar os paralelos e consegui definir os papéis de cada um na estrutura - eu também tenho o meu e as minhas neuras, mas a vital diferença é que a virose parou em mim. Entendem? Um processo vai eternamente correr em linha reta se não lhe freiamos. Temos que identificar a rota, puxar o freio de mão, analisar qual BR está mais bem conservada e seguir, apenas seguir. Isso é muito budista, risos... Lembrei dum momento em minha vida que deixei alguém ir embora e não revidei, não criei caso, não lutei. Porque naquele momento lutar era perpetuar uma situação negativa e estressante para ambos. Logo mais, ele voltou, porque havia entendido que estava errado. Já disse um samurai japonês que quando sabemos que o oponente pode ser derrotado, a melhor arma é a paciência...tempo, tempo.
Sei que nada posso fazer, não posso consertar o passado de cada um dos presente á mesa, mesmo que meu coração sonhador pense nisto ás vezes, ou atire a primeira pedra quem nunca sonhou em ter uma famiglia perfeita. Tampouco julgo ninguém, apenas tenho minhas considerações a fazer sobre cada um de nós, pois todos fizemos o que podíamos e conhecíamos, o que nos estava disponível emocional e materialmente. Isso é dormir em paz.
*
Agora também consigo ver de que forma fomos todos afetados pela arquetípica Grande Mãe, personificada desde o tempo da Nonna primordial. Desde já afirmo que nunca fomos uma família masculina - o homem nunca teve nem a primeira nem a última palavra lá em casa, nem na casa de meus primos. Quem mandava era primero a avó, depois a mãe, e por último as filhas, tanto do lado dos Maioli quanto dos Mussoi. E o prefixo della já adianta que somos todos descendentes de uma mulher, no caso, da Signora Nicoletta della Coletta. Não era comum uma mulher transmitir o nome para as gerações futuras, então realizo que ela deveria ser uma mulher daquelas de marcar território bravamente. O que me orgulha muito, feminista que sou, mas que não é o ideal quando temos que contrair núpcias ou escolher um consorte para fecundar nossos óvulos. Isso explicaria a aversãs das mulheres de nossa família a homens fortes e corajosos ao seu lado, optando por parceiros que sempre pudessem ofuscar e submeter, e aos homens, bem...deixo reticências, pois há casos de sucesso. Dizem.
*
Fora isso, falando agora do outro lado do clã, foi um final de semana de memórias fortes e inesquecíveis. Acordei cedíssimo de manhã, para iniciar o ritual do Sugo da Nonna Rosa (as avós estão onipresentes neste blog atualmente...).
Oito horas e eu lá na cozinha, pelando dois quilos de tomatinho vermelho suculento, descascando em pedacitos firmes meio quilo de cebolas choronas junto com uma cabeça careca de alho. Juntei um maço de cebolinha verde, manjericão, louro e o tempero secreto - que revelei aos convivas antes do empanturramento coletivo. Quatro horas cuidando daquela panela como se fosse um nenê no berço. Desculpem o tocadilho, mas é exatamente assim que eu me sinto quando faço este molho. Primeiro porque não é sempre, segundo porque é um momento eu-comigo-e-minhas -lembranças queridas e terceiro porque cada segundo sentindo aquele aroma me lembra da nonna Rosa e sua pizza napolitana festiva ou de seu molho de cachorro quente. Em resumo: amor, amor e amor traduzido em calorias. Todo santo ano ela me dava de presente de aniversário a pizza com uns panos de prato cujo bico ela havia bordado. Que fofa!
Um dia, e aí conto o segredo, ela foi lá em casa porque eu queria que ela me ensinasse o molho famoso. Era algo secreto mesmo, ninguém sabia o que ia dentro. E mesmo assim era só uma salsa de tomate!
Pequenina, já fraquinha, em frente ao fogão, ela disfarçava e eu deixava ela acreditar que eu não queria saber.Mas eu acho que ela já sabia que não estaria mais aí no próximo ano e então decidiu me dar o presente: um pote de vidro cheio de cravo e canela em pau.
-Toma, esse pote é teu. E continou a mexer com a colher de pau o caldeirão vermelho-sangue efervescente. Até hoje ele está comigo.
*
Não sei se foi a estória do segredo ou a emoção do vinho que já afrouxava os sentidos, mas o fato é que os três pacotes de spaghetti foram rapidinho. E teve até quem limpou o molho do prato com pão.
Ela ia se orgulhar de mim, bah! Tenho certeza...
*
E acho que por hoje era só. Sessão psicanalítica agora só de quinze em quinze dias.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

aiutttooo Gere!

Eu quero meu dinheiro da entrada de volta!!! A pipoca eu não devolvo, porque é beeem melhor do que a do Cinemark. Pqp! Fui enganada! E logo por Richard Gere!
Penso que, primeiro: Diane deveria ter ficado na Toscana e segundo: Richard só embranqueceu mais os cabelos e ficou com mais papa, porque os gestos, olhares, suspiros e tiques são os mesmos desde os meus quinze anos.
Vamos combinar...Nights in Rodanthe não é ruim, é péssimo! E sim, sim, sim, foi feito para aqueles e aquelas que ainda sonham com o príncipe encantado (e era isso que estava em peso lá no Arteplex) que no caso, deveria ser o Richard.
Aquele água com açúcar, clichezão, piegas ao extremo, com falhas básicas de sequência (anote aí: a foto dobrada que ela coloca na porta do armário da cozinha desaparece na imediata tomada seguinte - eu VI!) e um xalalá-colagem-tudo-que-você-já-viu-antes.
*
Não eu não estou de mau-humor. Isso foi faz uma semana. Eu estou é deliciosamente inteligente.
E nada modesta.
Eu mostrei o dedo do meio para o taxista enquanto vinha para casa, no trânsito doido que virou a Nilo na hora deste rushzinho poatense. Ele me cortou umas duas vezes sem razão e vi pelo espelhinho ele me mandando tomar naquele lugar.
Mas aí eu lembrei: - Eu estou indo para Roma, com passagem pela Toscana, Natal em Madri e Reveillon em Paris, para logo mais ir morar um ano em Milão. Te perdôo, seja grosseiro comigo, mal-educado e sacana.
Eu não estou neeem aí cumpadi!.
E isso serve para TODO mundo que me olhar com ar blasé daqui por diante. Ouviu vizinha?
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Eu rio porque respiro.
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Mas nem tudo são margaridas num campo florido. Ontem mesmo falava com a Lili#2 que eu estava com um péssimo humor, e era sério. Queria me enfiar num buraco e só sair em dezembro.
Pareca que as coisas estavam bloqueadas, paradas em sua rota normal de sempre. Sim, eu sei Mada que é Mercúrio Retrógrado, mas, não dava para ele tomar um Bud antes?
E de repente, tóim! Tive um dia Dois de Copas+Dez de Ouros.
Quanto a isso, bem, não estou boa no tarot, estou ótima. Tirei algumas cartas, numa leitura que eu aprendi com Il Bolognese e estas duas estavam lá. Fiquei supresa, porque tudo dizia que as coisas não seriam tão fáceis de resolver, ao menos não do jeito que eu imaginava.
Bem, acordei já com um email na caixa e um logo do msn. Ambos, de meus amados, que diziam apenas: negócio fechado, quando e quanto eu deposito na tua conta?
Bah, era tudo que eu precisava saber para poder realmente contar os dias...
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Ciao ciao ciao!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Ciao!

Ciao! E era isso que eu achava que sabia, até hoje.

Foi a primeira aula com Patrizia, belíssima! Com a incrível coincidência que morou em Milano faz apenas um ano e está com o italiano – e dicas preciosas – afinadíssimo. Que ótima surpresa essa professora! Também é interiorana e fez um upgrade na vida: de advogada a professora de italiano e estudante de teatro. Isso me lembrou a filha de uma amiga de minha mãe que, advogada com uma carreira sólida até, mais de cinco anos já atuando, um dia, resolveu tirar férias em Roma. Nunca mais retornou aos bancos jurídicos e hoje mora em Floripa, com seu italianão, desenvolvendo jóias!

Não adianta, para sair do casulo, é necessário mudar de ares. Não precisa ser a vida toda, dez anos, quatro meses, duas semanas, basta um tempo, cujo relógio é o batimento do coração de cada um. É legal ver, ouvir, saber, conversar e trocar idéias com quem fez esta passagem. Nos vemos refletidos, como eu disse para a Viajante, xerocados em alta definição.

E é possível, é válido, é tudo.

Ela perguntou á queima-roupa porque eu estava fazendo isso. Eu respondi ainda num italiano macarrônico, que nem escreverei aqui por enquanto, que era o meu sonho antigo: estudar na Itália, na meca do design, na base da cultura ocidental. E que eu o havia sufocado por muitos anos, um sufoco que não me arrependo, pos trilhei caminhos muito interessantes antes de aqui aportar. E que, quando soube que eu tinha direito a um passaporte italiano, a um ano sabático, a um estágio em empresa da área e tudo mais, bem, como eu poderia não fazer isso?

Tudo na mão, falta só o passarinho agora! Risos...

*

Eu tinha uns doze anos eu acho quando fui exportada para o Colégio Sagrado Coração de Jesus porque para variar, minha mãe havia brigado com as freiras do Medianeira. Era uma merda, porque além de não conhecer ninguém – foi traumático estar longe de meus amigos de infância, coisa que nunca mais recuperei – era longe pacas de casa e eu dependia da carona do meu pai, que levava minha mãe ao trabalho, perto da escola. O que me fazia ter que acoradr as seis da matina. Socorro! Meu trauma de segunda feira de manhã vem desta época, só pode.

Mas, o pior, não era isso. Esta escola, por estar situada em um bairro afastado do centro, acolhia os filhos dos trabalhadores da colônia recém-chegados á cidade. Gente muito boa, mas humilde, sem muitas condições culturais, muito embora ela fosse particular. Pois bem, primeira semana de aula, após a meia hora de rezas a todos os santos da igreja católica, fui para a classe. Eu lá, embonecada, cadernos novos, estojo da Hello Kitty, presilhas coloridas, tênis com cheiro de chiclé do Paraguai (sim, era um must ter tênis importado dos paráguas) e mil e um balagandãs que só se lembra quem já passou dos trinta, na primeira classe da primeira fila, óbvio, que eu era ótima em puxar o saco dos professores. Aula de matemática, nunca esquecerei. Fazia o exercício e de repente, ups, havia esquecido a borracha. Passei o dedo, mas ficou uma caca e então eu disse para a professora, em alto e bom som, que eu havia borrado o papel. Borrado, com dois erres bem fortes.

Nunca mais o apelido Borrada foi esquecido. Porque a gurizada não falava os erres.

Lembrei deste fato porque conversamos sobre a vergonha que era no interior de falar com o sotaque da gringolândia, eventualmente comendo um R aqui outro ali. Ou o que fazem muito é o de reforçar a sonoridade, para justamente notarmos que ele não foi esquecido. E uma coisa leva a outra, e então lembrei da minha Nonna Rosa e do vô Humberto, que tinham um sotaque lindo de ouvir. O jeito como a vó falava pitissa para dizer pizza ou como quando eles dialogavam com os filhos no dialeto para que não soubéssemos o que eles estavam conversando. E tantas outras coisas que me fazem ter tanto orgulho e amor por este sangue que carrego e destas pessoas que ousaram já, um dia, em cruzar um mar e chegar num local totalmente desconhecido. A necessidade os movia, e isso me move também. De coisas diametralmente diferentes, óbvio, mas em essência, acho que somos os mesmos.

A rota só está invertida...risos.