segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Hummm...delícias dominicais...

Almoçamos para variar no Prato Verde (uma fila do cão!) e enquanto todo mundo ia para o Grenal fomos em direção ao Parque da Harmonia ver o que os japas andam aprontando - mereciam algo mais bonito do aquelas ikebanas com flores de plástico, sem dúvida. E decidimos, antes de irmos inaugurar a cafeteira DeLonghi DoJorge, tomar um expresso forte lá no Gasômetro. Quando chegamos ao topo, conversando como duas araras (eu não sei como é que a gente tem sempre tanto assunto) olhamos para aquele riozão, sentindo aquele sol gostoso na pele e resolvemos nos atirar para dentro do barquinho que iria rumo ás ilhas. Bah! Não sei porque nunca fizemos isso antes! Foi absurdamente delicioso o enlevo do momento...Uma pena o pessoal estar com preguiça ou de ressaca...Mas antes de ir-me, vamos todos de novo, que é para guardar na memória cada reflexo do sol na água morna e marrom do noso lago que não é mar. E á noite...Ah! Cafezão colonial na casa do Jorge. Que demais! Os amigos, suas piadas, nossas risadas, nossa parceria. E não é que todo mundo já comprou passagem ou fez planos prá ir prás Európias também? Heleníssima já comprou passagem e vai para Alemanha no final do ano em função de Max, Jorge para França por causa do Beto e Maurito ainda não se decidiu se é Milão ou Londres. Mas ah! Eu sabia que a gente ia se encontrar logo, logo mais! Delíiicia!

*

Aprendi a não reabastecer minha gôndola após cada promoção relâmpago. Porque sempre é melhor esperar o próximo lançamento.

*

Eu realizei nestes tempos algo que me aconteceu há exatos 12 anos. Para variar as fichas só caem quando a linha não está ocupada...Eu tinha um namorado, que chamarei de Mr.M. Enólogo, lindo, libriano, divertido. Ele que me apresentou á mitologia, folha de são paulo, rock de primeira, como apreciar um bom vinho e distinguir a boa da má literatura. Um homem marcante, sem dúvida. Ele estava com 26 anos, rumando ao mestrado na Califórnia e seus dias eram divididos entre o trabalho, as aulas preparatórias para o TOEFL, seu tempo precioso a sós com seus livros e comigo. Mas eu queria mais, afinal, estava apaixonada! Ah, esqueci de dizer que ele era moreno de olhos verdes.Bah! Desde o início, ele dizia que não buscava nada muito sério, pois estava indo embora para voltar sabe-se lá quando e, claro, não levaria ninguém junto com ele nesta meta tão particular. Mas o mais interessante era que ele falava, em palavras quase físicas de tão sonoras, que ‘ não queria ter que deixar uma parte de si no caminho’. Eu, por razões adolescíveis (rsrs) achava que poderia reverter o quadro ou, fantasiosamente, ir-me embora para Pasárgada com ele. E não ouvia o que ele falava sobre o deixar, porque não me era compreensível - quando a gente tem 18 anos tudo é romântico, doce, eterno e para sempre...Um dia resolvemos romper, e ele afirmava que era para o meu bem. Como eu poderia compreender aquilo áquela época? Para meu bem? Como? Impossível, e então, fiquei tremendamente triste com a nossa despedida. Nunca mais tive notícias dele, por ele. Apenas ouvi falar, muito tempo depois, que ele havia retornado, casado e feliz. Claro que neste momento ele era só uma lembrança cicatrizada já há muito, e então fiquei alegre com a plenitude dele.

Mas eu o compreendi. O ter que deixar, o não poder-se envolver de cabeça e coração no momento que estamos nos preparando para deixar as nossas cascas e seguirmos em direção aos nossos sonhos, porque nossos, é o justo. Não foi fácil chegar até aqui, nem para ele naquele tempo nem para mim agora. E assim não é generoso levarmos pedaços de outros corações conosco, nunca, porque o combustível desta viagem não pode ter sangue nem pele, nem mágoa, sensação de perda ou infelicidade.

Devemos ir zerados. Livres.

Sobre ele, bem, agradeço por ter me ensinado tantas coisas, inclusive a primeira dor de amor. Foi um amigo, um grande incentivador para que eu entrasse na graduação que escolhi e que nunca desistisse, que fosse até o fim. E que pelo amordedeus não optasse por cursar História, porque eu iria morrer de fome!!! Que eu fizesse isso com alternativa, hobby (se ele me visse agora!!!). E que eu lesse muito, porque a leitura me traria mundos infinitos e conhecimentos inumeráveis.Espero um dia poder agradecê-lo, porque quem nos marca a ferro na vida, ao fim, é quem dá, não quem tira.

*

Branca Branca Branca. Leone, Leone, Leone! Avaaante!

sábado, 27 de setembro de 2008

ce martin-la

paz

alegria

hummm...

Addio a Newmann, il bello di Hollywood. E eu chorei, rapidamente, mas chorei. Assim como foi com Marcello Mastroianni e Fellini. Ah! Eu sou saudosa! E pqp, ele era ótimo ator, lindo e simpático. E morreu dignamente, sem alarde, escolheu ir-se como viveu... Coisa que estes artistinhas de meia tigela atuais deveriam aprender. Que mondo canne!
*
Voltei de viagem toda prosa, e nem poderia ser diferente.Foi o meu último atendimento a clientes e palestra pela Óica e em nenhum momento eu fiquei triste, na verdade eu utilizei a saudade antecipada como combustível para dar o melhor de mim. E claro, aproveitei para guardar na retina as imagens mais lindas de Santa, a Catarina.
O marzão azul esverdeado na chegada, com o sol nascendo, a ponte e a orla iluminadas, pipocadas de luzinhas ao anoitecer, o sotaque aportuguesado, o chopp de Blumenau, o faisão de Brusque (ah! eu tirei uma lasquinha!), as joaninhas vermelhas minúsculas de cristal Hering, as casinhas alemãs antiquíssimas em Joinville, e tantas coisas mais...
Na quinta acordei disposta para uma boa caminhada e segui em direção ao mercado público e descobri, escondidinhas, duas igrejas belíssimas em sua arquitetura externa e interna. Nunca havia notado a presença delas... Pois bem, entrei na da N.Sa.das Dores do Parto, erguida em 1832. Foi um lindo encontro comigo mesma, através desta mulher dita divina pois de súbito realizei que somos a mesma mulher, e esta é a mensagem!
Somos ventre, somos fêmeas, somos amor, somos Ela. Foi emocionante mesmo, porque pela primeira vez eu a compreendi, não como ícone religioso cristão, mas como pessoa. Não importa que ela tenha sido fabricada pelos paulos da vida, o que importa é que ela foi mulher, e isso basta, me fala. E então, eu orei, para mim através dela, oferecendo a minha verdade, e pedindo que eu tivesse luz, discernimento, proteção e oportunidades nesta minha nova jornada. É só isso que a gente precisa...E enquanto eu acendia uma vela, como não fazia há muitos anos, olhei nos olhos ela e a amei.
Eu vou voltar lá quando voltar. Porque eu sei que serei atendida.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

cosa nostra

Vamos supor que depois da hecatombe nuclear a estátua do Gaúcho seja a única a permanecer ereta no mundo (egocentrismo gaudério, eu sei, mas é só um exemplo) então virão os etês e a estudarão. De certo vão nos achar uns neandertais. Eu assim consideraria.
*
Porque esta viagem? Porque eu estava assistindo o documentário O Livro Perdido de Nostradamus (www.mendhak.com/40-the-lost-book-of-nostradamus.aspx) e, cacete, é tão claro o simbolismo dele que eu tô me achando a maior expert em mitologia simbólica da região sul do sul da capital do sul do hemisfério sul (acho que é isso, estou cansada... risos....).
Papo hecatombico americano:
1. porque o Anticristo é Bin Laden e não Bush, visto que a imagem que segura o bastão da destruição é uma Águia??? Helllooooo, câmbio!!!! Ah sim, claro, o idiota é o Bin, muçulmano, árabe, escurinho. Sim, estes são uns tipos estranhos, mas daí até colocar a culpa total da merda mundial neles é não conhecer a História. Contemporânea de ontem, por exemplo...
2. porque a Torre em chamas (que aqui eles vincularam á do tarot) são as Torres Gêmeas?
*
De bom do documentário foi saber que eu vou poder, como Michel, me sentar frente ao frontão da Igreja de São Miguel das Revelações, logo mais, e tentar decifrar as mensagens esculpidas...
Ai ai ai ...estou me sentindo como Ron Picco em Pompéia...
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De ruim foi que eu fiquei com a pulga atrás da orelha, mas o Joseph já me acalmou. Nostradamus referencia a data de 2012 como turning point mundial. Os Mayas também. Os ìndios navajos. Os Essênios. Bem, nos vemos daqui a quatro anos. Enquanto isso pesquise sobre Ophiucus e me conte depois.
Interessante!
*
Hahaha! E eu tô vivendo Viajante! Se o mundo acabar daqui a quatro anos eu terei vivido!!!
Não é bom demais? E tu também! Ueeebaaaa!
*
Sono. Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz...

sábado, 20 de setembro de 2008

somos latinos!

Llename la vida, dame tranquilidad
Calma el temporal que hay en mi piel
Dame primaveras para disfrutar
Días que se van y no han de volver
Puede ser que la voz de tu paz
Y el amor me ayuden a cambiar
Y me hagan ser mejor
Perdona mis manías, no doy para más
No se aparentar, soy como soy
Angel de la Guarda ven y salvame
Salvame del mal, ayudame
Puede ser que la voz de tu paz
Y el amor hoy me ayuden a cambiar
Y me hagan ser mejor
Siempre hay en la vida oportunidad
Para amar mejor, no hay que amar de mas
Muchos han caido de tanto dar y de tanto amar
Llename la vida, dame tranquilidad
Calma el temporal que hay en mi piel
Dame primaveras para disfrutar
Días que se van y no han de volver
Puede ser que la voz de tu paz
Y el amor me ayuden a cambiar
Y me hagan ser mejor...

Eu sei, eu sei. Piegas. Mas é bonita na voz de Pako. Quien es Pako? Hahaha...Estava assistindo Latin American Idol. Eu adorooo! Porque eles são tipicamente latinos, no caso peruanos: apaixonados, simpáticos, falam com as mãos, elogiam com palavras de carinho, um sarro! Ah! E as meninas são o anti-modelo anoréxico americano. Que aliás, espero ser ultrapassado na derrocada deste império fast-food. O único porém é que eles cantam em espanhol músicas do inglês.
E eu com isso?

... all success upon your path!


Tenho acordado mais cedo que de costume, e sempre é prazeroso, porque há uma orquestra esperando a gente amanhecer por aqui. Juro, nem no interior eu tinha tanta passarinhada no meu entorno...Deliciosamente reconfortante, onírico até! Acordo mais cedo porque meu inconsciente festivo parece querer que meu dia aproveite mais as horas que me foram dadas, pois não há despertador, há um despertar, daqueles que a gente fica se espreguiçando com carinho, sentindo cada músculo acordar junto. Mas lembrei que eu tenho um despertador peludo, porque a Dharma aprendeu, entre outras coisas (depois de achar que a pia do banheiro é um vaso sanitário mais bacana), que o espelho me reflete: ela olha para ele, fixamente, com aqueles olhos enormes, verdes e tão amados e começa uma cantoria fina, parece que cuidando para não me assustar, afinal são seis da manhã! E acaba pulando em mim depois que eu a olho nos olhos (quanta redundância, acho que isso é amor...risos) , com carinho e digo: Vem!

Levantamos e ela, saltitante, caminha comigo até a cozinha, se enrolando em minhas pernas, pedindo delicadamente: - Coloca mais um pouquinho de ração aí? Claro que eu não resisto e encho até a boca. A chaleira já tem água, a coloco para ferver e aproveito para preparar minhas frutas com granola. O pão vai no forno com um pouco de manteiga e ás vezes uma generosa dose de geléia de gengibre com ricota de búfala (ah! eu amo meus detalhes!). Pronto, iniciei meu ritual matutino. O café recém-passado vai até a boca da minha starbucks guerreira, com dois envelopes de adoçante, nem mais nem menos. Disposto na bandeja, meu café da manhã se instala na poltrona. Acendo um incenso e fico aí uns vinte, trinta minutos, sentindo os aromas, sorvendo meu café devagarito, olhando a Dharma perseguir o que pode ser tanto uma mosca, um pardal pequenino ou uma folha seca. E o dia começa a barulhar suas portas, suas janelas, suas buzinas, seus gritos, seus cantos. E seus odores fedorentos também.

Rotina, sim, diária. Que me excita, me acalma e me faz feliz. Mas mais feliz ainda é o domingo, pois eu tenho a companhia da zero hora. Que tem um conteúdo de merda, vamos combinar, mas que faz parte de mim, assim como ligar a tv as sete da manhã só para ver os Fagundes cantando “ ...porque de mim vai ficar, o mundo que eu construí, o meu Rio Grande o meu lar”. Todos os domingos na casa dos meus pais estão impressos na minha memória. Como é que o aroma do café chegava até meu quarto? E o barulho ao fundo, da tv do pai ligada no Canal Rural? Ele estava realmente assistindo? Risos...E o cheiro do Correio do Povo na mesa, sendo lido pela mãe. Com uma mão ela segurava o pão dágua fresquinho com manteiga e com a outra não deixava cair os óculos. Como ela segurava o jornal? ! Céus, como eu amo estas lembranças! De forma direta, de forma suave, de forma a não sentir dor, mas pleno amor.

E é melhor parar por aí, porque já estou com a voz interna embargada...

*

“ If you trust in Nature, in the small things that hardly anyone sees and that can so suddenly become huge, immeasurable; if you have this love for what is humble and try very simply, as someone who serves, to win the confidence of what seems poor: then everything will become easier for you, more coherent and somehow more reconciling, not in your conscious mind perhaps, which stays behind, astonished, but in your innermost awareness, awakeness, and knowledge. You are so young, so much before all beginning, and I would like to beg you, dear Sir, as well as I can, to have patience with everything unresolved in your heart and to try to love the questions themselves as if they were locked rooms or books written in a very foreign language. Don't search for the answers, which could not be given to you now, because you would not be able to live them. And the point is, to live everything. Live the questions now. Perhaps then, someday far in the future, you will gradually, without even noticing it, live your way into the answer.”R MR, Letter Four. Worpswed; July 16, 1903.

“ And to speak of solitude again, it becomes clearer and clearer that fundamentally this is nothing that one can choose or refrain from. We are solitary. We can delude ourselves about this and act as if it were not true. That is all. But how much better it is to recognize that we are alone; yes, even to begin from this realization. It will, of course, make us dizzy; for all points that our eyes used to rest on are taken away from us, there is no longer anything near us, and everything far away is infinitely far. (…). We have no reason to harbor any mistrust against our world, for it is not against us. If it has terrors, they are our terrors; if it has abysses, these abysses belong to us; if there are dangers, we must try to love them. And if only we arrange our life in accordance with the principle which tells us that we must always trust in the difficult, then what now appears to us as the most alien will become our most intimate and trusted experience. How could we forget those ancient myths that stand at the beginning of all races, the myths about dragons that at the last moment are transformed into princesses? Perhaps all the dragons in our lives are princesses who are only waiting to see us act, just once, with beauty and courage. Perhaps everything that frightens us is, in its deepest essence, something helpless that wants our love.” RMR, Letter Eight. Sweden. August 12, 1904.

*

Tenho revisto objetos, livros, cd´s, roupas e sapatos e a pilha do desapego aumenta a cada dia. A idéia era vendê-los mas irei doá-los e guardarei o essencial, aquilo que me diz respeito. Já tenho uma mudança, de novo, para fazer. Eu passei vinte anos no mesmo quarto. E agora mais dez pulando de lar em lar. Meus lares, quero esclarecer, que eu mesma construí e que me fizeram muito feliz. Onde está meu centro é meu lar, e assim, bem, eu posso morar em qualquer avenida!

Quando a gente se deixa levar, a gente é levada pelo fluxo natural da ordem das coisas. Como sempre deveria ter sido. E se a gente faz isso sem culpas, as coisas não te encontram atrasada nem te inquirindo: - Porque só agora? Elas vem, te estendem a mão e ainda dizem: - Chegou na hora certa, estávamos todos te esperando. Teve uma boa viagem?

Sonhei anteontem e o sonho falava algo sobre isso, na forma poética que lhe é peculiar: Eu estava sentada sobre um grande gramado verde, florido, e deveria ser aquele intervalo gostoso entre o inverno e a primavera, porque a sensação era de sol morno e brisa suave. E de repente a grama foi se abaixando á minha frente como se um grande cortador de grama estivesse passando. Cheiro de grama cortada, que delícia! E eu pude ver o um mar através da grama, de um azul contrastante. Fantástico. E eu lembro que eu sorri imediatamente, porque vi muita gente conhecida lá. Pessoas que eu não conheço, mas a sensação era de familiaridade. O desconhecido conhecido. Alguém mais já teve esta sensação? Depois da estória do Mar Morto, eu quero dizer...risos!

*

All my good wishes are ready to accompany you, and my faith is with you.

*

Terminei ontem a leitura de Espelhos do Self. Finalmente, porque é o típico livro ‘ soco nas tripas’. Não dá para sair sem contusões, escoriações e manchas roxas após sua degustação. Arquétipos, archetypes... O Puer Aeternus? A avó Bondosa, o pai Fortaleza, a mãe Devoradora, a irmã Eu Sou Ela...tantos paralelos. Mas algumas coisas fermentaram aqui dentro, e foi interessante porque neste amanhecer ao reler Rilke - porque ele esta sempre aqui como o Tao, pronto para ser aberto a esmo e, voilá, ser decifrado em algo como a mensagem do dia – assinalei esta frase: “ And one more thing: Don't think that the great love which was once granted to you, when you were a boy, has been lost; how can you know whether vast and generous wishes didn't ripen in you at that time, and purposes by which you are still living today? I believe that that love remains strong and intense in your memory because it was your first deep aloneness and the first inner work that you did on your life.

O que ele quis dizer, bem, vamos por partes, porque agora a Claro pega até dentro do meu closet:

Estamos no útero, quentinhos e banhados naquele líquido suculento no que parecem ser eras. Um dia, um clarão surge e opa, é o fim do túnel, literalmente. Mas não entramos, saímos. Somos espancados, o ar invade nossos pulmões e começamos a morrer lentamente. Parentêses: Eu cá creio que a vida é um engano, um puta engano. Saímos de um buraco para entrar noutro. Depois de um ano, quinze, cinquenta e seis ou cento e vinte ninguém sabe. O mundo continua, só a gente que vai embora. Injustiça! Para quê, qual o motivo desta viagem sacolejante de ônibus do Chuy até Rio Branco? Não sei, Ninguém sabe. Continuemos...

Então, depois de um tempo, você encontra o que denomina o Outro Sol, Aquele sem o qual eu não poderei viver se não estiver á sua sombra, orbitando ou sendo sua Lua. E passa a acreditar (você ainda é a-individuado) que esta é a sua metade e nada mais existe, você foi fundido no outro, sem limitação de barreiras. O pertencer sem questionar. O Outro sou Eu que no jargão psicanalítico chamam de o Colapso do Ego. E então quando o Outro vai embora você sente com se estivesse sendo levada também mas ainda está aqui. Sensação estranha: falta um pedaço que ninguém levou. Socorro!

Há quem culpe o Sr.Aristófanes pelo mito da laranja, a Natureza pela serotonina liberada no processo da paixão, ao Romantismo pela rejeição á racionalidade. Mas a grande origem deste processo narcótico denominado Paixão é aquele aquoso lá do início. Não tenho dúvidas. Eu quando nasço não sei que sou a Fabiana. Sou um pedaço de carne, músculos e ossos totalmente dependente e chorão, mas, um dia, reconheço-me, e não gosto disso (estou conjecturando...não sou psicóloga) não quero ser eu, quero ser Nada! Ou ainda: sou frustrada porque meu chocalho me é tirado ou meu bico desaparece. Òdio mortal ao mundo - Eu quero voltar!!! Me engula de volta Grande Mãe!!!

Claro que nenhuma mãe será Cronos e então eu cresço, com aquela sensação incômoda lá no fundo da mochila, indo sempre em busca do outro para suprir esta vontade de voltar, de juntar-me ao Algo Inominável de onde saí, local de sensação de onipotência, difícil de ser superado. Por isso tantos mitos de Mãe Terra, daquela que engole sua criatura após a vida vivida. Por isso também tantos homens e mulheres difíceis de aguentar! Fantasias inatingíveis = tédio mortal. É por isso que eu vivo a realidade!!!

*

Hummm...Eu tenho um mundo interno viajante, e andei pensando, numa destas paradas em BoraBora, que eu poderia tentar, após o Master, uma post laurea em Psicologia. Parece bom.

Voltaremos.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

mirror or not mirror?

...we "control" by letting go - we "win" by surrendering...
Este é o lema de hoje.
Do Enforcado porque quis, devo lembrar..risos.
*
Então não era que ontem a minha intuição estava certa?
Ou, vejamos:
' Nossas vidas são moldadas pelos nossos pensamentos e atos, e, de forma ainda mais poderosa, pelas nossas fantasias e sonhos e pelas complexas associações carregadas de sentimentos com as quais reagimos às pessoas e aos eventos que se nos deparam dia a dia. Não sou só o que penso, como propôs Descartes, nem tampouco o que fiz, como alegam os existencialistas; sou também, como aliás Gaston Bachelard tão veementemente mostrou, aquilo que imagino e recordo.'
e ainda:
' Como disse Jung: "A vida é louca e significativa, ao mesmo tempo. E quando não rimos de uma coisa e especulamos sobre a outra, viver se torna excessivamente monótono e tudo se reduz à menor escala possível. Nesse nível, há pouquíssimo sentido e também pouquíssima falta de sentido.'

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

denorex

‘ Subo as escadas até meu apartamento no quarto andar, sozinha. Entro no meu pequenino quitinete, sozinha. Fecho a porta atrás de mim. Mais uma noite solitária em Roma. Mais uma longa noite de sono pela frente, sem ninguém nem nada na minha cama a não ser uma pilha de guias de conversação e dicionários de italiano. Estou sozinha, inteiramente sozinha, completamente sozinha. Ao absorver essa realidade, largo minha bolsa, caio de joelhos e encosto a testa no chão. Ali, ofereço ao universo uma fervorosa oração de agradecimento.

Primeiro, em *inglês.

Em seguida, em italiano.

E então – só para ter certeza – em sânscrito.’

*

Eu ri quando abri este livro da Elisabet Gilbert e tive que engolir meu orgulho de leitora clássica quando debitei da conta os quarenta pilas. Valeu a pena, porque foi o domingo mas excitante que vivi neste último mês.

Cacete! Levei quatro horas para devorá-lo, tamanho o susto. Eu juro, juro que não sabia da existência desta moça nem deste best-seller e de repente, tóim! Era eu escrevendo, só que com outra cidadania e cor de cabelo. Entre outras diferenças. Não tão grandes assim...risos.

Ela relata seu ano sabático e, pasmem, começou por onde? Scuola Leonardo da Vinci, Roma, Itália mia. Tá, eu estou indo para a escola X, mas a cidade e o objetivo – estudar a língua - é o mesmo. E porque ela fez isso? Porque estava se individuando. Eu já vi este filme. E qual era o problema dela? Doação demais do que não tinha, o que fazia com que geralmente vivesse a vida que era a vida escrita, não a abençoada. E geralmente isso resultava em encontros insalubres, com pessoas deprimentemente vampirescas, que sugavam ainda mais sua energia.

Estou repassando ele esta semana, assim como tantos outros volumes que não conseguirei despachar (ainda não consegui me desapegar da mini-coleção de tragédias gregas e mitologia, Viajante...socorro!) porque creio que ele vai iluminar algumas cabecitas por aí.

Talvez estas não possam largar tudo para o alto e apenas seguir, confiantes, como eu estou fazendo. Porque algumas tem empregos de carteiras assinada, relacionamentos estáveis (adoro este conceito...), filhos pendurados, financiamentos a longo prazo, entre outras algemas. Mas talvez possam sonhar com uma vida diária um pouco mais excitante, realizando esta viagem internamente. Mudando de atitude, de posicionamento, não sei, cada um terá sua path.

Mas a mim, isso não basta, pois não sou mais uma mulher com fantasias apenas, quero realizá-las, tornar-me quem sou, já que agora não tenho medo de mim mesma. Sou forte, com n potenciais e tenho o maior orgulho de afirmar isso publicamente. Também sei ser uma mulherzinha quando quero, porque isso também me deixa feliz. Não preciso dar explicações...risos...

A gente não precisa ir para fora para mostrar quem a gente é, mas no meu caso, estou tendo a oportunidade de poder sair por aí e voltar se quiser. Isso é liberdade absoluta.

É. Estar no campo de todas as possibilidades.

Porque? Porque eu posso, tá bom assim?

* português.

*

Bah, esta estória é do meu baú: eu tinha uns 18 para 19 anos quando assisti um filme italiano chamado “meus primeiros 40 anos iniciais”. Era a estória de uma mulher poderosa, sexy e inteligente, narrada em minúcias, no estilo que mais tarde foi copiado pelas meninas de sex and the city. No caso, ela integrava as quatro queridas doidivanas... quatro em uma! Eu assisti umas três vezes depois tamanha a minha fantasia e desejo de querer ser aquela mulher, naquele momento de minha vida. Era a minha heroína!

O que me chamou tanto atenção já não seria uma semente de potencial crescimento?

Eu acho que quando a gente admira alguém muito, mesmo que seja um personagem literário ou artístico e quer seguir os seus passos, e começa a jornada, bem, talvez a gente consiga chegar lá e até ultrapassar. Ou não, e se não for a resposta também não importa. A jornada de cada um é única e o caminho se for diferente será muito mais rico. Trilhas batidas são para os preguiçosos!

Bem, lembrei deste filme agora e gostaria muito de revê-lo. Será que cheguei em alguns lugares que ela esteve já? Será que nossos valores também batem ou era mais o caso de uma projeção?

Bem, não importa. Tenho mais 8 anos inteiros para fazer tudo que poderá não ter sido feito. E bem melhor que ela talvez.

*

Temos muito mais gêmeos por aí do que pensamos, senhoritas leitoras deste simplório blog.

Irmãos de jornada. Pessoas que estiveram lá e cá. Em comum, o mesmo gosto na boca: de que depois da borda do mundo não tem monstro marinho, só seres alados, cinema de graça, sabedoria pessoal e brigadeiro sem calorias.

*

No prelo: Espelhos do Self.

Que a noite caia logo...risos.

sábado, 13 de setembro de 2008

wing ling

E disse Nina: Milo venus was a beautiful lass, she had the world in the palm of her hand. But she lost both her arms in a wrestling match, to get brown eyed handsome man. She fought and won herself a brown eyed handsome man! Mas Ella não estava nem aí, então completou: What a difference a day makes, there's a rainbow before me, skies above can't be stormy. Since that moment of bliss, that thrilling kiss…It's heaven when you find romance on your menu! E claro que Dinah tinha que se meter: Let me play among the stars, let me see what spring is like on a Jupiter and Mars. In other words, hold my hand, in other words, baby, kiss me. Fill my heart with song and let me sing for ever more. You are all I long for all I worship and adore. In other words, please be true!

Let me fly away with you, e mais nenhuma Filosofia será necessária…

*

Será que a senhora, dona primavera, poderia fazer o favoire de permanecer eternamente por estes pagos?

Hoje fiz seis quilômetros com pit-stop para um suco de clorofila na Maomé. Que dia lindo! Ouvi centenas de deliciosas declarações de amor das divas do jazz com uma pitada de Echoes (eu tenho certeza que era o que o cara do big bang estava ouvindo quando criou o universo!) e alguns replays das sete versões (sim, porque eu sou looouca por ela) de Little Wing.

O calor do sol, o papo das gurias chicleteiras, a rosa vermelha na cadeira com os namorados sessentões tomando um expresso na cafeteria, o cachorro da madame estilosa fazendo um cocozão na calçada, as duas turistas maluquetes de manguinha morrendo de frio, os gremistas indo em bando para o jogaço, o cheiro da ZH domingueira, o mau humor delicioso do meu vizinho demente. Céus! Tudo armazenado no meu hd.

E agora, lá vou eu. E então tá.

Flying Spaghetti Italian Monster



Hahaha, a sacanagem inteligente é ridicularmente engraçada!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

dust in the clouds...

I close my eyes, only for a moment, and the moment´s gone.
All my dreams pass before my eyes a curiosity...
*
Poutz, sempre quis estar aqui. Sempre.
*
Relembrando meus vinte e poucos anos percebi o quão séria, analítica e adulta eu era quando deveria ser apenas uma jovem inexperiente. Não me arrependo, pois ser assim me trouxe até aqui com muita dignidade e graandes experiências. Mas acho que eu poderia ter sido mais sapeca. Ter tomado mais banhos de chuva como o do final do ano passado lá na Catedral, com a Ospa. Ter amanhecido mais dias de verão sentada na calçada tomando Schweeps com um lutador de jiu-jitsu gostosão como neste último. Ops. Melhor parar por aqui, porque pensando bem, se eu tivesse feito isso antes, talvez não teria inventado tantas novas travessuras...E teriam sido um pouco insossas, dada a inexperiência dos vinte. Que aliás, fiquem bem longe de mim. Sem dúvida, 3o com corpo de 20 e conta bancária de 40 é a nova modalidade. Aleluia!
*
Porque será que quando eu tinha 20 os caras de 20 não eram interessantes? Hahaha. E agora, voilá, eu sou interessante para eles. Vai entender? Isso aumenta e muito nosso espectro de atuação libidinosa...haha.
Mas o que eles afinal curtem tanto em mulheres de 30? Estes dias ouvi que temos a manha da maturidade aliada á uma graça angelical, fresca. Bem, vindo de um escritor com aquele background (e olhos, que olhos liiindos) acho que não era de mim que estava falando, porque eu sou uma diaba. E ele me conhece, so...hahaha.
*
Ai espírito carnívoro, saia deste meu corpo enquanto os outros podem escapar...hahaha.
*
Tá loco, como diria Mel. Tô loca não, ainda. Mas vou ficar em breve se o tempo não voar. Não, na verdade não quero que voe, eu quero absorver cada minúsculo pedacito deste pago gaudério. Porque a minha mosquinha azul disse que eu não vou voltar.
A vida traz caminhos muito doidos as vezes. Lá estava eu, no frescor (risos) dos meus 18 olhando para aquele fofo e dizendo que eu não ia casar, não queria filhos nem cerca branca, que meu negócio era terminar a faculdade e ir pra Itália fazer uma pós em Design.
O mundo vem, traz um monte de lama do fundo do mare as vezes te deixa na praia com sol, bronzeador, água de côco. Vai e vem, vem e vai e um dia, sem esforço nenhum, só desejando galgar uma posição melhor profissionalmente, você é levado por mãos invisíveis a estar onde queria ter estado séculos atrás.
Isso é destino.
E em choro nem vela, nem promessa, nem pagode.
*
E num flash eu grito: era isso.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Miau, meow!


It's a rainy afternoon...In 1990.
Small city...
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Aqui sopra uma primavera no ar, com cheiro da nossa casa antiga de Bento. E ela tinha O Porão! Até hoje não sei se eu encontrei ou se foi um sonho mesmo a passagem secreta da ante-sala do meu quarto até ele. Lugar assustador, cheio de aranhas e barulhos esquisitos, era o local perfeito para a gurizada pagar prenda quando a gente brincava. Eu odiava ficar presa lá, quem gostava? Dava um medão, podia ser que alguma aranha gigante aparecesse e não adiantava a mãe ficar contando estória de aranha boa de noite porque até hoje eu não suporto estes bichos. Aliás, é uma das coisas que eu mais gosto em casa nova: não deve ter aranha!!!
Haha. O Porão. Ele tinha vida: era uma orquestra de fantasmas de noite tocando lá embaixo ou o assoalho que rangia? E os mapas do tesouro eram legítimos ou eram contas usadas do meu pai? Caramba, tanta fantasia, tanta brincadeira! Aquele lugar era mágico!!! Quero ter um porão quando eu tiver uma casa, decididamente! E vou me tocar para lá toda a vez que a vida adulta me chamar prá pagar contas e aguentar gente chata! hahaha.
Lembrei tanta coisa esta semana...tantas coisinhas da infância..tudo por causa dos ipês amarelos, primaveras e centenas de passarinhos aqui da vizinhança. Aqui é bom demais, é um bairro perfeito para a tranquilidade... e tem um cheirinho tão bom de passado! Lembrei também da minha amiga murta, a árvore mais linda de lá. Ela cresceu comigo, mas óbvio que me passou em muitos metros...risos. Da ameixeira, que era minha companhia nas tardes quentes - eu me pendurava nela e achava aquilo máximo, porque eu podia ficar sentada, olhando o horizonte, que não era aquele horizonte, mas a época, parecia.
Ai que saudades da minha inocência!!!
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É. Estou saudosa estas semanas, talvez numa preparação silenciosa para o que virá, mas com os pés fixos num presente bem presente, porque afinal...a vida não tem férias.
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E hoje, meus amores eternos foram comunicados de minha decisão. E não espernearam, não entraram em parafuso nem se esvaíram em lágrimas. Apoiaram e pediram se eu precisava de algo, alguma coisa, qualquer coisa.
Então, eu percebi que eles confiam em mim. Como nunca.
Porque antes, nem eu confiava em mim mesma.
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E disse o uróboro ao miau: follow your bliss, baby!